ATA DA TRIGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 14.05.1999.
Aos quatorze dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Cyro Martini, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Sonia Saraí e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão Décio Schauren, Fernando Záchia, José Valdir, Nereu D’Ávila, Reginaldo Pujol e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Trigésima Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 04 Pedidos de Providências e as Indicações nºs 18 e 19/99 (Processos nºs 1515 e 1517/99); pelo Vereador Eliseu Sabino, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Gilberto Batista, o Projeto de Lei do Legislativo nº 44/99 (Processo nº 1491/99); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, 02 Pedidos de Providências; pela Vereadora Tereza Franco, 04 Pedidos de Providências, o Pedido de Informações nº 74/99 (Processo nº 1579/99) e a Indicação nº 28/99 (Processo nº 1555/99). Ainda, foram apregoados: Requerimento de autoria do Vereador Isaac Ainhorn, solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei do Legislativo nº 97/98 (Processo nº 2107/99); Ofícios nºs 241 e 245/99, de autoria do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando, respectivamente, o Projeto de Lei do Executivo nº 06/99 (Processo nº 1602/99) e Mensagem Retificativa a este Projeto. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 221, 224, 231 e 232/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 666/99, do Senhor Flávio Koutzii, Chefe da Casa Civil do Estado do Rio Grande do Sul. Às nove horas e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às nove horas e seis minutos, constatada a existência de “quorum”. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor José Dorizel Kaiper, Presidente da Associação Comunitária 24 de Junho, do Jardim Leopoldina II, Humaitá, Loteamento Santa Fé e Parque dos Maias II, que discorreu acerca da impossibilidade de os mutuários por ele representados efetuarem o pagamento das prestações de seus apartamentos e terrenos, em vista do valor estipulado no contrato firmado com o Departamento Municipal de Habitação, defendendo a anulação deste contrato. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib, reportando-se ao tema abordado em Tribuna Popular, declarou que este Legislativo sempre acompanhou a negociação realizada pela Prefeitura Municipal com a Construtora Guerino e a Caixa Econômica Federal no Bairro Jardim Leopoldina, propugnando por nova avaliação das prestações dos moradores e pela apresentação de fatos concretos, por parte da Associação Comunitária, que venham colaborar na busca de soluções efetivas para a questão. Após, os trabalhos estiveram suspensos das nove horas e trinta e dois minutos às nove horas e trinta e três minutos e das nove horas e trinta e cinco minutos às nove horas e trinta e seis minutos, nos termos regimentais. A seguir, foi realizado um minuto de silêncio em memória ao Senhor Jorge Alberto Jacobus Furtado, falecido no dia doze de maio do corrente, face Requerimento do Vereador Pedro Américo Leal, deferido pelo Senhor Presidente, o qual solicita também o envio da manifestação do pesar deste Legislativo à esposa e aos filhos do Senhor Jorge Alberto Jacobus Furtado. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Eliseu Sabino referiu-se à Comissão de Sindicância formada para apurar denúncias sobre irregularidades no recebimento de auxílio-creche por funcionários deste Legislativo, questionando a veracidade de envolvimento de ex-assessor de seu gabinete nestas irregularidades e a veiculação de informações pela imprensa, sem que houvesse sido oferecida a devida oportunidade de manifestar-se a respeito. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do ex-Vereador Jorge Alberto Campezatto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia registrou o transcurso, ontem, do quadragésimo aniversário de encampação da Companhia Estadual de Energia Elétrica - CEEE, pelo Estado do Rio Grande do Sul e, relatando dados acerca da dívida originada no Estado através da indenização do investimento realizado pela concessionária estrangeira, atentou para a necessidade de máxima atenção quanto aos processos de privatização envolvendo capital estrangeiro. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 21/98, discutido pelos Vereadores Cyro Martini, Isaac Ainhorn, Renato Guimarães e Guilherme Barbosa, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 34/99, este discutido pelo Vereador Guilherme Barbosa, 36, 40, 42 e 43/99; em 3ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 21/97, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 35 e 38/99, este discutido pelo Vereador Adeli Sell, o Projeto de Lei do Executivo nº 05/99, os Projetos de Resolução nºs 19 e 21/99. Na oportunidade, foi apregoado Requerimento do Vereador João Motta, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Giovani Gregol, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento. Ainda, o Senhor Presidente registrou sua solidariedade com os familiares do Senhor Jorge Alberto Jacobus Furtado, falecido dia doze de maio do corrente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Záchia manifestou-se acerca dos controladores eletrônicos de velocidade instalados nas avenidas da Capital, declarando que tais equipamentos estão perdendo a credibilidade da população, face à ocorrência de registros de velocidades irreais, e defendeu a retirada e investigação de tais controladores pelo órgão competente. Após, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Germano Wegener, Presidente da Câmara Municipal de Campos Borges. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn, reportando-se ao discurso do Vereador Fernando Záchia, referiu-se à ocorrência de falhas no registro dos controladores eletrônicos de velocidade em Porto Alegre. Ainda, analisando questões referentes à fiscalização de trânsito na Cidade, ressaltou a necessidade de cautela, por parte da autoridade estatal, para que não ocorra abuso de poder no exercício de funções fiscalizadoras. O Vereador Guilherme Barbosa comentou o reconhecimento público obtido pela Instituição de Crédito Porto Sol e pela Companhia Carris Portoalegrense, tecendo considerações acerca do trabalho realizado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre no combate à pobreza, na melhoria do transporte público urbano e nas obras a serem realizadas na malha viária e na área da habitação popular, especialmente nas Vilas Tio Zeca e Planalto. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Guilherme Barbosa, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 16/99, com ressalva do destaque a ele aposto, por dezoito votos SIM, um voto NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser discutido pelo Vereador João Dib e encaminhado à votação pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Isaac Ainhorn e João Dib, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Sonia Saraí, Tereza Franco e Giovani Gregol, votado Não o Vereador Carlos Alberto Garcia, este com Declaração de Voto, e tendo optado pela Abstenção o Vereador João Dib. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do encaminhamento a ser dado ao Projeto de Lei do Legislativo nº 16/99, tendo os Vereadores João Dib e Carlos Alberto Garcia manifestado-se a respeito, com a formulação de Requerimento verbal por parte do Vereador Carlos Alberto Garcia, indeferido pelo Senhor Presidente, para adiamento da discussão deste Projeto. Ainda, foi registrada a presença dos Vereadores Adão Cezar Silveira e Aldo Longarai, da Câmara Municipal de Arambaré/RS. Também, o Senhor Presidente, registrando a perda do mandato pela Vereadora Annamaria Gularte e a publicação, hoje, no Diário Oficial do Município, do Decreto Legislativo nº 323/99, declarou empossado na titularidade da Câmara Municipal de Porto Alegre o Vereador Gilberto Batista, informando que sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Gilberto Batista, que registrou seu posicionamento frente à atuação da Comissão de Ética da qual resultou o Decreto Legislativo nº 323/99 e ressaltou sua disposição de colaborar, como Vereador, para o bom andamento dos trabalhos da Casa. A seguir, foi votada destacadamente e aprovada a expressão “e manutenção”, constante do parágrafo único do artigo 1o do Projeto de Lei do Legislativo nº 16/99, por doze votos SIM, seis votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, após ser encaminhado à votação pelo Vereador Luiz Braz, em votação nominal solicitada pelo Vereador Luiz Braz, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Cyro Martini, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Renato Guimarães, Sonia Saraí e Giovani Gregol, votado Não os Vereadores Fernando Záchia, João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal e Tereza Franco e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Elói Guimarães e Gilberto Batista. Na oportunidade, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem formulada pelo Vereador Luiz Braz, a respeito do número de votos necessários para aprovação do Projeto de Lei do Legislativo nº 16/99 e da expressão destacada do mesmo. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 29/98, após ser discutido pelos Vereadores Paulo Brum, Carlos Alberto Garcia, Antônio Losada, Elói Guimarães e José Valdir, tendo a Vereadora Tereza Franco cedido seu tempo de discussão ao Vereador Paulo Brum. Na ocasião, o Vereador Reginaldo Pujol manifestou-se, esclarecendo não ter encaminhado à votação o Projeto de Lei do Legislativo nº 29/98 para viabilizar sua votação no dia de hoje. A seguir, foi apregoado o Requerimento nº 106/99 (Processo nº 1480/99 – Moção de Apoio ao Sindicato e Federação dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, em vista da campanha preventiva que estão desenvolvendo no sentido de combater a privatização desta empresa), encaminhado à votação pelos Vereadores Antônio Losada, Reginaldo Pujol, João Dib, Carlos Alberto Garcia e Elói Guimarães. Às doze horas e trinta e quatro minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D’Ávila, Juarez Pinheiro e Paulo Brum e secretariados pelo o Vereador Adeli Sell. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Passamos à
O
Sr. José Dorizel Kaiper, representando a Associação Comunitária 24 de Junho do
Jardim Leopoldina II, Humaitá, Loteamento Santa Fé e Parque dos Maias II, está
com a palavra pelo tempo regimental de 10 minutos.
O SR. JOSÉ DORIZEL KAIPER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu sou
José Dorizel Kaiper, Presidente da Associação 24 de Junho do Jardim Leopoldina
II. Eu estou me sentindo mal, não sei se vou ter um infarto. Não. Isso é só uma
ilustração do que está acontecendo no Jardim Leopoldina II. É a vez nº 204 que
eu venho aqui, na Câmara de Vereadores, e nós até hoje só fomos usados e não
tivemos solução nenhuma. O que nós conseguimos no Jardim Leopoldina foi o que
os nossos moradores vão mostrar, agora, naquelas folhas que estão escritas.
Peço aos moradores que virem as folhas para o lado dos nossos governantes.
É
o despejo que está acontecendo no Jardim Leopoldina. Metade dos moradores já
não mora mais lá. Por isso, eu fiz essa ilustração, no começo, para mostrar a
seriedade do assunto em que está envolvido o Jardim Leopoldina, o Parque dos
Maias, o Humaitá, e muitas outras comunidades no Rio Grande do Sul.
O
assunto é seriíssimo, é muito sério, e, se continuar assim, do jeito que está
indo, será o caos na habitação, no emprego, na saúde. Poderá ser a dissolução
da vida familiar de muitos, produzindo o maior malefício da história, que
está-se avolumando em coisas ruins dentro das famílias, que ainda conservam
alguma esperança em relação ao futuro próximo.
Será
que já não houve muitas reuniões de conciliação, de toda forma possível, de
conversas, de planos, de planejamentos, para dar uma solução para às
comunidades? As comunidades estão se afundando com despejos. Há mais de seis
anos que estou à frente da Associação e todo dia há correria para se salvar
alguém. Algumas pessoas, e não foi ilustração, morreram do coração.
Uma
das últimas vizinhas aparecia toda a semana e dizia: “Dorizel, e a minha
casinha ou o meu terreno?” Foi despejada injustamente do Jardim Leopoldina. Ela
disse que o aluguel estava subindo muito, o dinheiro que recebia só dava para o
aluguel e não conseguia mais viver daquela forma. Passada uma semana, ela não
apareceu mais. Morreu do coração. Será que isso não é um assunto sério, Srs.
Governantes? Será que isso não é de competência dos nobres Vereadores, que
vieram para cá com o discurso que seriam defensores da saúde, habitação,
trabalho, mas não vemos nada de solução? V. Exa. tiveram aqui, na Câmara, com a
faca e o queijo na mão para dar um basta à supervalorização das moradias e
também da falta de moradia e, quando tiveram o poder na mão para resolver o
caso Leopoldina, que deveria ser um exemplo para o Brasil, aconteceu que um
homem apenas manipulou toda a negociação e supervalorizou as nossas moradias,
apenas adiando o despejo para mais a frente. Estava na mídia para o Brasil
inteiro ver: Porto Alegre, a Capital com a melhor qualidade de vida, está
fazendo uma negociação modelo para mais de mil famílias. A negociação modelo
era apenas adiando o despejo.
Sabem
qual o preço médio que o DEMHAB batalha, noite e dia, para incutir na cabeça
das pessoas, dizendo: assinem ou serão despejados? São R$ 150.000,00 (cento e
cinqüenta mil reais), o preço médio de um apartamento de dois dormitórios no
Jardim Leopoldina. Copiando esse mal modelo, foi transferido para o Parque dos
Maias, sob orientação política, para que aceitassem a mesma coisa, com mais
alguns agravantes, não bastasse o que foi feito de errado no Jardim Leopoldina,
disseram aos moradores: “Assinem um contrato e em 180 dias o moradores terão o
habite-se” - os moradores, notem bem - e aí entrará uma negociação modelo, como
é o caso do Leopoldina. Ora, eles fizeram um proposta para o Parque dos Maias e
nem o mais correto e esforçado morador, um só morador, vai conseguir satisfazer
esses requisitos.
Então,
eu gostaria de perguntar aos Senhores: será que vamos ter alguma solução em
relação ao Parque dos Maias, Jardim Leopoldina e Humaitá, - que são maiores que
muitas cidades do interior, - ou vão jogar no meio da rua grande quantidade de
famílias com crianças, dizendo que eles não têm direito à moradia, que eles não
têm direito de morar e que devem ser jogados como animais no meio da rua?
Como
representante da Associação, fui incumbido de trazer o posicionamento da
comunidade, que foi tirado a partir de uma assembléia realizada ontem à noite.
Nós fizemos um plebiscito para votarmos se iríamos pedir, hoje, para a Câmara
que nos ajude a renegociar os contratos do Jardim Leopoldina, o Parque dos
Maias e Humaitá, ou se pediríamos a anulação de toda esse negócio e fazê-lo de
modo correto, como deveria ter sido feito antes. Todos, quase foi unânime a
votação pela anulação desse maldito negócio que tanto mal tem causado aos
nossos moradores, causado tantas desesperanças, tantas desavenças, em razão de
as pessoas viveram com promessa de despejo feito pelo DEMHAB.
Não
bastando isso, agora, o DEMHAB ataca, também, o próprio Presidente da
Associação. Eu gostaria de mostrar o tamanho da lista que está na Justiça, no
Fórum, contra o Presidente da Associação. É só isso aqui, já está quase medindo
um metro de comprimento os ataques contra o Presidente. Será que ninguém, neste
mundo, gosta que se fale a verdade? Será que eles querem calar a minha boca
para poder promover mais injustiça no Jardim Leopoldina? Não bastam os mais de
trezentos despejos clandestinos que foram feitos pelo DEMHAB e que foi
denunciado na Justiça e ela não fez nada?
Será
que não basta tanta corrupção no mundo? Será que vamos deixar correr solta a
corrupção e deixar afundar cada vez mais, destruindo as famílias? Será que é
este o objetivo de se ter uma Câmara de Vereadores? Será que ela não tem poder
para anular esse negócio com o Jardim Leopoldina?
Nós
queremos esta resposta hoje. Nós estamos pedindo, oficialmente, para esta Casa
anular esse negócio feito no Jardim Leopoldina e que se faça, novamente, um
negócio moralmente limpo e que se use os meios necessários que existem para se
fazer uma avaliação correta no Jardim Leopoldina e que se promova as justiças,
que é o que tanto nós reivindicamos, durante esses últimos seis anos. Nós fomos
enganados pelo negócio que existiu no Jardim Leopoldina.
Na
penúltima vez que estivemos aqui, fomos surpreendidos aqui dentro dessa Casa,
com essa nota que está neste jornal comunitário que diz que lideranças do
Leopoldina II pedem apoio na CUTHAB, mas recebem intimação no local. Será que
estão unidos para combater o direito a discutir os assuntos? E vamos promover
só o que é errado? Mas será que é este o objetivo? Se for este o objetivo, a
Comunidade do Jardim Leopoldina está perdendo o seu tempo em vir aqui hoje.
Mas nós acreditamos, ainda, que haja pessoas
honestas neste mundo e que seguem junto conosco nesta luta até chegarmos a uma
conclusão. Então, estamos pedindo para esta Casa, hoje, a anulação desse
maldito negócio e que se parta para uma negociação justa e limpa no Jardim
Leopoldina.
Muitas
autoridades nos dizem o seguinte: “quem mandou vocês assinarem?” Mas o DEMHAB,
até hoje, diz que é necessário assinar, que o correto é assinar. Muitos
moradores ainda não assinaram, porque chegaram a conclusão de que fazendo isso
será assinar a sua sentença, que ficará pior do que está, sem assinar. Então,
nós estamos pedindo à Casa, hoje, que peçam a anulação dessa negociata. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convido o Presidente da Entidade, o Sr.
José Dorizel Kaiper, para que faça parte da Mesa Diretora dos trabalhos. Pode
sentar-se à direita do Ver. Adeli Sell.
Eu
consulto as Lideranças de Bancadas se alguma delas desejam manifestar-se,
relativamente ao tema tratado na Tribuna Popular. Eu lembro aos Senhores
Vereadores que, de acordo com o Regimento, para que haja manifestações
relativas à Tribuna, é do Regimento e há um consenso entre os Vereadores, que é
preciso que se use o tempo de Comunicação de Líder, a não ser que haja Questão
de Ordem, ou algum Requerimento dos Senhores Vereadores. Peço a colaboração de
V. Exas., porque não é possível que venhamos a ter uma série de manifestações
relativas ao tema, não usando os tempos devidos, que é, no caso, o tempo de
Comunicação de Líder. Se houver Questão de Ordem ou Requerimento, por óbvio, eu
teria que cumprir o Regimento.
O
Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela Bancada do
PPB.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta
Câmara viveu um momento insólito, houve uma encenação do Presidente da
Associação dos sofredores do Jardim Leopoldina que assustou alguns Vereadores e
até os presentes. O Presidente, nas suas declarações, reclamou muito da Câmara
Municipal. Eu devo dizer que fizemos o que era possível, nós acompanhamos os
moradores e fomos à Caixa Econômica Federal. Eu concordo com uma afirmação da
Presidência. Na semana passada, e nesta semana também, eu repeti aqui que foi
um bom negócio feito pela Prefeitura para a Construtora Guerino, para a Caixa
Econômica Federal e para alguém mais, só que eu não sei quem é alguém mais.
Hoje, o Presidente falou de uma pessoa só, mas não nos deu o nome, talvez ele
nos dê o nome desta pessoa e possamos abrir uma Comissão Parlamentar de
Inquérito para ver o que houve.
Esta
semana mesmo, o nobre Líder do PT dizia que a Câmara aprovou o Projeto,
inclusive com o meu voto, para que se comprasse pelo dobro do preço. Eu vou
dizer de novo: nós recebemos um Projeto de Lei do Sr. Prefeito Municipal sob a
pressão de uma violência ocorrida no Jardim Leopoldina e, em oito dias, o Projeto
foi aprovado, com Parecer único do Ver. João Verle - que é uma pessoa em quem
temos que acreditar -, sem discussão de Pauta, e não se examinaram os detalhes.
E lá estava o dobro do preço pelo metro quadrado.
É
verdade, esta Câmara cometeu um erro: confiou no Executivo, confiou na Bancada
do Partido dos Trabalhadores, pelo seu Líder na oportunidade. Mas isso não
impede que seja revisto, se for possível. Agora, houve a compra pelo dobro do
preço, pois havia um documento, e a comissão que analisou esse problema nesta
Casa viu isto, assinado pelo Sr. Alceu Collares, como Prefeito, Pedro Simon,
como Governador, Secretários de Estado todos. Depois de assinados os contratos
não tínhamos o que fazer. O DEMHAB deu ré, marcha, contramarcha, foi para a
frente, veio para trás, então, ficamos com dificuldades. Agora, se for dito
este nome talvez nós tenhamos outras condições para analisar melhor o problema.
O
Ver. Luiz Braz, por exemplo, tem sérias restrições com o que está acontecendo
no DEMHAB, que recebe recursos e não dá a contrapartida em matéria de
habitação. Então, é necessário que se analise esta conta e, talvez, seja este o
momento mais correto; sem que alguém desmaie, sem que alguém insinue que vai
ter enfarto, mas que venha ajudar na solução, e não criticar a Câmara
Municipal, que sempre esteve presente, toda vez que foi chamada sempre atendeu.
Se o Presidente da Associação quiser continuaremos dialogando permanentemente,
mas tem que trazer fatos, como os que agora foram insinuados, e sobre os quais
não temos conhecimento. Havendo o fato, temos todas as condições de buscar uma
solução mais efetiva.
Temos
toda a preocupação com a injustiça que está sendo feita, e isso foi declarado
reiteradas vezes. Já falei isso no rádio, no jornal, na televisão. Onde eu pude
falar eu disse: “compraram pelo dobro do preço para favorecer a Construtora
Guerino, para favorecer a Caixa Econômica Federal e mais alguém”. Esse eu não
sei, não estou insinuando “mais alguém”. Se eu soubesse eu faria a declaração
do nome, ou dos nomes porque, evidentemente, pode não ser um somente. Muito
obrigado. Saúde e paz!
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Paulo Brum, 2º
Vice-Presidente da Casa, que assuma a presidência dos trabalhos. Suspendo a
Sessão por breves trinta segundos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 9h32min.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum - às
9h33min): Estão
reabertos os trabalhos.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Requerimento): Sr. Presidente, eu fiz um Requerimento e
leio, agora: “O Vereador, que este subscreve, solicita que seja manifestado
pesar e um minuto de silêncio pelo falecimento de Jorge Alberto Jacobus
Furtado, ocorrido em 12 de maio de 1999, dando ciência a sua esposa, a nossa
funcionária Dercy Theresinha Vieira Furtado, seus filhos, Cláudio, Sérgio, Nina
Rosa, Maria da Graça, Jorge e Thaís e demais familiares, no endereço aonde
residia com sua esposa, Rua Mariz e Barros, 447. Outrossim eu requeiro um
minuto de silêncio por que este homem foi Ministro da Educação, criador,
praticamente, da TVE, da FEBEM, e é um homem de grande importância que nos
deixa.
O SR. PRESIDENTE: Perfeito, Vereador. Assim que encerramos
este momento da Sessão, atenderemos o seu Requerimento. Nós consultamos as
demais Lideranças de Bancada se alguma delas deseja manifestar-se a respeito do
tema tratado na Tribuna Popular. Em não havendo mais Bancadas para se
manifestar, encerramos esse momento da Tribuna Popular, agradecendo a presença
do Sr. José Dorizel Kaiper, Presidente da Associação Comunitária 24 de Junho,
do Jardim Leopoldina II, Humaitá, Loteamento Santa Fé e Parque dos Maias II, e
demais moradores que aqui se fizeram presentes. Com certeza está Casa estará
atenta às questões que envolvem o assunto que V. Sa. trouxe a este Parlamento.
Vamos suspender a Sessão por trinta segundos para as despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 9h35min.)
O SR. PRESIDENTE (às 9h36min): Estão reabertos os trabalhos. Conforme
Requerimento do Ver. Pedro Américo Leal, faremos um minuto de silêncio pelo
falecimento do Sr. Jorge Alberto Jacobus Furtado.
(É
feito um minuto de silêncio.)
O
Ver. Eliseu Sabino está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho a
esta tribuna para falar a respeito das denúncias sobre as irregularidades das
creches. Este Vereador teve seu envolvimento, no sentido de que foi veiculada
na imprensa a sua fotografia. Infelizmente não tivemos a oportunidade de falar.
E quando isto acontece temos que dar uma resposta à opinião pública, que nos
acompanha de uma maneira bem contundente.
Em
26 de março de 1999, através do Processo nº 1043, os funcionários Nair Rosane
Schenk, José Gilberto Silveira e Sebastião de Oliveira Fraga comunicaram à
Senhora Diretora Administrativa da Câmara Municipal de Porto Alegre terem apurado
indícios de irregularidades em recibos encaminhados pelos servidores Paulo
Silva, Pedro Larre Lopes e Valdemir de Souza, para fins de percepção de
auxílio-creche. Recibos esses constantes de folhas quatro a dezesseis dos
autos, na forma prevista em Resolução desta Casa.
Aqui
foi aberta uma sindicância para apurar esses fatos. Diante do fato de ter sido
aberta sindicância, evidentemente, esta Casa tomou conhecimento desse
levantamento através de denúncias. Inclusive, na oportunidade, estava sendo
pedida a exoneração ou a licença, a retirada, desta Casa, das pessoas que
denunciaram.
Mas
o que me chama a atenção, o que me traz a esta tribuna é o fato de uma denúncia
com relação a um ex-funcionário deste Vereador, que hoje atua como conselheiro
tutelar, pessoa de ilibado conceito, por quem temos profunda admiração, pelo
trabalho que desenvolve.
No
entanto, a denúncia surgiu nesses termos: “a denúncia do ex-funcionário do
gabinete do Ver. Eliseu Sabino”. E lá estamos nós diante da imprensa, sem
oportunidade de falar e sem saber exatamente como o fato ocorreu. Quando, na
verdade, as primeiras denúncias, as primeiras manifestações - conforme
apresenta o relatório da Comissão que apurou os fatos - realmente foram
verdadeiras e de fatos reais.
Houve
denúncia perante a Comissão de Sindicância que o Sr. Luiz Henrique Vilalba não
teria filhos na creche e estaria percebendo auxílio-creche. O Presidente da
Associação dos Moradores do Beco Adelar, em seu depoimento, informou que Sr.
Luiz Henrique Vilalba tem dois filhos, Joseane e Ismael, que freqüentam a
creche desde 1997, tendo reconhecido - isso que estou lendo é o resultado da
sindicância - que os recibos apresentados pelo ex-funcionário junto a esta Casa
para percepção de auxílio-creche, relativo ao período de janeiro a outubro de
1998, foram firmados pelo mesmo, sendo as suas assinaturas neles apostas.
A
denunciante não quis fornecer à Comissão qualquer elemento que desse suporte a
sua denúncia, não indicando de que forma conhecia os fatos denunciados, de que
forma poderia prová-los, etc., limitando-se apenas à declaração constante.
Inclusive, tendo dito perante a Comissão preferir não assinar tal declaração.
Situação, perante a qual, a Comissão informou a mesma que para que a denúncia
fosse recebida, deveria ser feita de maneira formal, devido à observância do
procedimento padrão.
Isso
aqui me chama muito a atenção porque quando, inicialmente, as denúncias
procediam, parecia que não havia tanto critério para alguém apresentá-las.
No
entanto, aqui aparece uma denunciante, que não sabemos quem é, dentro desta
Casa, não sabemos qual o objetivo, atingindo um Vereador e um partido, que está
ileso, sem nenhuma participação nesse assunto.
Eu
lamento o fato de não poder prosseguir com esta manifestação, mas existe aqui
alguma coisa no ar.
Nós
voltaremos a esta tribuna, certamente, para averiguar os fatos e saber por que
o gabinete do Ver. Eliseu Sabino? Por que o gabinete de um Vereador do Partido
Trabalhista Brasileiro?
Estamos
preocupados, sim, queremos saber quem é essa denunciante, porque os fatos
comprovam que este cidadão, no momento aqui denunciado, não tem nada em
desabono a sua conduta, a sua pessoa e até mesmo ao trabalho que ele
desenvolve.
Portanto,
Senhores Vereadores, eu manifesto aqui o meu repúdio a essa iniciativa dentro
desta Casa. Certamente, através de meios jurídicos, haveremos de proceder
encaminhamentos para averiguar de perto a situação e qual o objetivo desta
denúncia e dessa manifestação. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos saudar e registrar a presença do
ex-Vereador Jorge Alberto Campezatto, que está presente entre nós e é um dos
fundadores do PSB.
O
Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meu
nobre colega de Partido e ex-Vereador desta Casa, Sr Jorge Alberto Campezatto.
Ontem, dia 13 de maio, portanto há quarenta anos, era encampada a
concessionária estrangeira de serviços de eletricidade em Porto Alegre, a
Companhia de Energia Elétrica Rio-grandense, data altamente significativa,
marcando os quarenta anos de encampação da energia da CEEE - Companhia Estadual
de Energia Elétrica, que era uma empresa privada e internacional. O ato de
encampação do governo estadual coroava uma luta de longa data das forças
representativas da Cidade: empresários, entidades de classe, sindicatos de
trabalhadores, imprensa e etc., na qual esta Câmara de Vereadores da nossa
Cidade teve destacada atuação.
Fazendo
eco às solicitações do povo que representava, era instalada nesta Câmara, em
1957, por Requerimento do então Ver. Pedro Alvarez, da Aliança Republicana
Socialista, uma Comissão para estudar a questão do fornecimento de energia
elétrica para a Cidade de Porto Alegre, que vinha sendo submetida a impiedoso
racionamento. Imaginem os Senhores, um terço da Cidade ficava às escuras na
parte da manhã e outros terços à tarde, com graves prejuízos à população e às
atividades produtivas da Cidade, principalmente a indústria e o comércio. A
situação só não foi pior porque a CEEE socorria a Cidade. Primeiro, construindo
uma usina de emergência em Porto Alegre, no ano 1947, e, em segundo, trazendo
energia elétrica das usinas hidrelétricas de Bugres e Canastra, em São
Francisco de Paula, e a Termelétrica, de São Jerônimo, passando, esse
fornecimento, de 4% do consumo da Cidade, no ano de 1947, para 70%, em 1959,
isto é, a empresa gerava somente 30% da energia que vendia.
Em
1958, aproximando-se o término da concessão dada à empresa estrangeira, foi solicitado
à Divisão de Águas e Energia do Ministério da Agricultura, órgão fiscalizador
do setor elétrico nacional, o tombamento contábil da empresa, para fins de
encampação. O tombamento revelou números estarrecedores: para um investimento
de duzentos e noventa e um milhões e quatrocentos mil cruzeiros, na época, a
concessionária estrangeira obtivera um excesso de lucro de trezentos e setenta
e dois milhões, cento e noventa mil cruzeiros, que, somados à depreciação do
investimento de oitenta e nove milhões e contribuições, doações feitas sem
amparo legal, resultava que a empresa estrangeira deveria devolver cento e
noventa e um milhões e oitocentos mil cruzeiros - quantia essa de que se
apossara indevidamente.
Lamentavelmente,
com o advento da Ditadura, em 1964 e, depois, em 1965, foi imposto à Companhia
Estadual de Energia Elétrica um contrato, obrigando-a a indenizar o
investimento feito pela concessionária estrangeira, pelo seu setor histórico.
Pasmem: quem devia cento e noventa e um milhões, passou a ser credor. Tal
contrato, passando por cima da decisão do judiciário rio-grandense, que
referendava os valores do tombamento, previa o pagamento indenizatório no prazo
de quarenta anos, em dólares, ao juro de mercado internacional.
Ontem,
portanto, a dívida que o Rio Grande do Sul acumulou por um ato da Ditadura,
teria sido paga.
A rememoração da data e destes fatos só nos
servem de alerta no momento em que, via privatizações, de novo o capital
estrangeiro, mais do que nunca, nestes setores está presente.
Quero,
mais uma vez, ressaltar a importância de Jorge Campezatto que, na época da
encampação, era presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Energia Elétrica,
e teve uma destacada atuação. Eu só deixo para reflexão a origem do porquê que
a CEEE está com esse rombo de quarenta anos de dívida por um canetaço, por um
ato do Governo Federal da época. Portanto, senhores, as privatizações
continuam, e nós temos que estar atentos ao capital estrangeiro.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com apartes)
1ª SESSÃO
PROC.
3296/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 021/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que dispõe sobre a implantação de helipontos, de acordo com o desenvolvimento
urbano do Município de Porto Alegre, e dá outras providências.
PROC.
1248/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 034/99, de autoria do Ver. Luiz Braz, que
dispõe sobre a oficialização do evento Feira de Artesanato da Alfândega no
Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Substitutivo nº 01.
PROC.
1292/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 036/99, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Omar Lima
Dias.
PROC.
1386/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 040/99, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Martinho
Alexandre Reis Álvares da Silva.
PROC.
1422/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 042/99, de autoria do Ver. Luiz Braz, que
autoriza o Executivo Municipal a erigir busto em homenagem ao padre-cientista
Roberto Landell de Moura.
PROC.
1459/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 043/99, de autoria do Ver. Antônio Losada, que
denomina Praça Luiz Castro da Silva um logradouro público localizado no Bairro
Farrapos.
3ª SESSÃO
PROC.
2584/97 – SUBSTITUTIVO Nº 01,
de autoria do Ver. João Dib, que acrescenta § 4º ao art. 137 da Lei
Complementar nº 284, de 27 de outubro de 1992, e dá outras providências, ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 021/97, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja.
PROC.
1284/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 035/99, de autoria do Ver. João Dib, que
denomina Rua Baldoino Bottini um logradouro público localizado no Loteamento
Nova Ipanema, no Bairro Aberta dos Morros.
PROC.
1355/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 038/99, de autoria do Ver. Adeli Sell, que dispõe
sobre a promoção de passeios turístico-culturais gratuitos a maiores de 65
(sessenta e cinco) anos.
PROC.
1389/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 005/99, que extingue e cria Funções
Gratificadas junto ao Quadro do Magistério Público Municipal, cria FG junto ao
Quadro da Administração Centralizada e dá outras providências.
PROC.
1371/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 019/99, de autoria do Ver. Paulo Brum, que concede o título
honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Sr. Carlos Eduardo Konrath.
PROC. 1379/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 021/99, de autoria do Ver. Luiz Braz, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao jornalista Flávio Alcaraz Gomes.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
chamou-me deveras a atenção o Projeto do Ver. João Carlos Nedel, que trata
sobre a implantação de helipontos no Município de Porto Alegre. Por que
chamou-me a atenção?
Em
primeiro lugar, por se tratar de um Projeto bastante ambicioso, cuja
compreensão e extensão vai muito além dos limites orçamentários do Município,
no meu entendimento. Esse já foi o motivo pelo qual eu me fixei no Projeto.
Também foi, por outro lado, motivo para me preocupar com a natureza legal e
jurídica do processo, o fato de ser, no que diz respeito a maior parte das suas
prescrições, inconstitucional. Isto é matéria cuja disciplina é da alçada
federal.
Mas
é uma matéria ambiciosa, realmente um Projeto de natureza grande e, de outra
parte, inconstitucional.
Onde
está o valor do Projeto? Pois ele tem valor. No meu entendimento, uma das
razões que sustenta a importância, a relevância de um projeto desta ordem que,
como disse inicialmente, ultrapassa os limites do Município, não só sob o ponto
de vista financeiro, mas também, como vimos, pelo lado jurídico, pelo aspecto
da constitucionalidade da mesma, reside na intenção, na preocupação com a
segurança pública. Porque, realmente, os helipontos teriam como uma das razões
a segurança pública e, por essa razão, ele se coloca para nós como algo que
merece a nossa atenção.
Realmente,
a segurança pública hoje é a preocupação maior do cidadão. Claro que não
daquele cuja situação atual de desempregado impossibilita-o de assistir de
forma adequada a sua família, cujo número, na Grande Porto Alegre, é na ordem
de 300 mil famílias - e em São Paulo chega a milhões -, não é deste cidadão,
porque ele não tem nem tempo para se preocupar com a segurança, porque o
desespero dele é pelo emprego.
Mas
o cidadão que tem emprego, qual é a prioridade dele? Nós, que temos uma origem
policial, sempre dizemos e ratificamos que, lamentavelmente, infelizmente, a
maior preocupação dele é com a segurança pública. E ele se vê numa situação
difícil, porque quando ele participa do Orçamento Participativo do Município,
ou do Estado, ele se vê em uma situação de embaraço, porque realmente as
questões que dizem respeito à regularização fundiária, à moradia, à saúde, à
educação, são temas prioritários. Mas a segurança pública, lamentavelmente, é
prioridade. E nós temos que ter consciência disso, porque o cidadão terá que
saber optar, porque as prioridades definem o emprego de verbas. E se a
segurança não for definida como prioridade, nós vamos continuar vendo as
escolas, e as comunidades em geral, tendo cada vez mais essa acentuada situação
de insegurança.
Por
isso, eu insisto: reflitam, pensem, porque os problemas de segurança são hoje
seríssimos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn para
discutir a Pauta.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na
Pauta Projeto de Lei de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que dispõe sobre a
implantação de helipontos, de acordo com o desenvolvimento urbano de Porto
Alegre, e dá outras providências. A nosso juízo, o projeto tem méritos, porque
uma cidade, no seu contexto de evolução, vai exigindo uma estrutura urbana mais
adequada para o enfrentamento da situação de vida moderna com que nos
defrontamos. Até alguns anos atrás o número de torres e de estações de
telefonia celular seria praticamente uma situação de ficção científica. E outras
tantas formas de comunicação envolvendo satélites e outras estruturas que
modificam a paisagem e o desenho urbano. Certamente, não é o caso do Ver. João
Carlos Nedel que, quem sabe, estaria saudoso em transformar Porto Alegre numa
Tirana, à época de Ever Odia. Tirana era a capital da Albânia, uma cidade,
embora européia, modesta, simples e que rejeitava qualquer avanço que
representasse a modernidade e o desenvolvimento. Deve ficar registrado, Sr.
Presidente, que a preocupação do Ver. João Carlos Nedel é correta quanto aos
helipontos, já que pretende evitar situações ilegais. Recordo-me que a parte
frontal da Câmara Municipal servia de heliponto para o moderno Governador
Antônio Britto quando ali descia o helicóptero, que também conduzia Secretários
de Estado, indo e vindo a todo momento. Até poderia ser um local adequado, mas,
de acordo com a legislação federal, nenhum helicóptero poderá descer em pontos
não-definidos como áreas destinadas para helipontos. Sabemos que hoje em São
Paulo e no Rio de Janeiro são inúmeros os prédios que dispõem de estrutura para
helipontos, que têm helipontos. O heliponto pode representar uma garantia até
de salvação de pessoas num incêndio de um prédio de grandes dimensões, ele
serviria como forma de salvamento das pessoas. Achamos que é importante V. Exa.
ter ingressado com um Projeto de Lei que busca encontrar uma solução para esse
problema. Informo a V. Exas. que em casos graves, notadamente no período do
veraneio, o campo de futebol do Estádio Ramiro Souto é usado como heliponto
para salvamento de pessoas que são trazidas do litoral para atendimento rápido
e urgente no Hospital de Pronto Socorro.
Portanto,
se algum ponto do Projeto tiver algum problema quanto a sua constitucionalidade
é possível desinçar, na expressão campeiro-jurídica do Ver. Elói Guimarães,
desinçar as inconstitucionalidades eventuais que possam existir. Agora, o Poder
Público Municipal deve se preocupar com os helipontos, eu acho que deve se
preocupar, inclusive deferindo à autoridade pública federal, através de
convênios, um ponto de definição de áreas destinadas a helipontos em Porto
Alegre. O que não pode é uma cidade com um milhão e trezentos mil habitantes,
uma região metropolitana de três milhões e trezentos mil habitantes não dispor
de áreas específicas para isso, quando o helicóptero passou a ser uma realidade
no cotidiano, é verdade que de uma minoria abastada, ou eventualmente do
Estado, hospitais, e outras estruturas governamentais públicas e privadas que,
naturalmente, usam esses equipamentos do ponto de vista de utilidade pública.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta solicita licença para
tratamento de saúde, na data de hoje.
(Obs.:
Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. João Motta, e dada posse ao
Suplente, conforme consta da Ata.)
O
Ver. Renato Guimarães está com a palavra, para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, também
gostaria de destacar, no dia de hoje, o debate sobre o Projeto de Lei, de
autoria do Ver. João Carlos Nedel, que dispõe sobre a implantação de
helipontos, dizendo que, independente da condição legal dessa matéria ser de
atribuição da União e a responsabilidade ser do controle da Aeronáutica, nós
deveríamos abrir um debate neste Parlamento e construir uma discussão com
própria Aeronáutica e a nossa representação federal no sentido de que venhamos
regulamentar esta matéria. É uma realidade nova nos principais centros urbanos
deste País.
Entendo
que não é uma novidade, mas com o aumento significativo deste tipo de aparelho
circulando nas nossas cidades, há necessidade de um controle sobre a utilização
do espaço urbano para pouso e decolagem dessas aeronaves.
Também
me veio à memória, no momento em que este Projeto foi protocolado, a situação
existente, aqui, junto a Câmara de Vereadores, no Parque Maurício Sirotsky, uma
área de recreação, onde famílias e crianças brincam. Essa área era utilizada
como heliporto. É importante que isso seja destacado. Há necessidade de um
controle.
Gostaria
de destacar, como exceção, em situações de emergência, aeronaves que a Brigada
utiliza para pouso e decolagens, e isso tem justificativa, as situações de
emergência. Mas, para situações corriqueiras, penso que há necessidade de
buscarmos junto à União, junto à Aeronáutica, que regulamentem essa matéria no
Município de Porto Alegre.
Gostaria
de destacar o Substitutivo nº 01, de autoria do Ver. João Dib, que acrescenta
parágrafo 4º ao art. 137 da Lei Complementar nº 284, ao PLCL nº 021/97, de
autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que trata de espaços para descanso dos
comerciários que trabalham nos grandes centros comerciais da Cidade, “shopping
centers”. Quero dizer que essa proposição é muito positiva, vem atender a uma
demanda antiga. Quando pensamos nessas megasestruturas de comércio, que
possamos pensar também nos direitos dos trabalhadores que circulam, que
trabalham nessas estruturas. É essa é a intenção do Vereador que propôs o
Projeto e também do Substitutivo do Ver. João Dib: a intenção de garantir nessas grandes estruturas comerciais
que haja área para descanso.
Aproveito
a oportunidade para dizer que a Lei do Plano Diretor já existente contempla um
outro direito que não é seguido, e quero deixar aqui a cobrança de que existe
uma Lei na Cidade que diz: (Lê.) “Os centros comerciais, com a definição
constante no anexo 8, deverão contar com área destinada à creche para os filhos
dos empregados”. Não conheço, do conjunto dos “shopping centers” de Porto
Alegre, algum “shopping” que venha atender essa Lei. Portanto, aproveito a
oportunidade para destacar isso e reforço a iniciativa para que haja áreas
destinadas ao descanso dos comerciários. Aproveito o momento para dizer aos
Vereadores que participam da Comissão do Plano Diretor que levem essas demandas
para dentro do debate do Plano Diretor da Cidade: área de descanso para
funcionário, creche para os filhos dos funcionários e, também, que pensemos que
um espaço desses, que muitas vezes é um espaço cultural, precisa ter maior
conforto para o seu usuário. É difícil encontrar nesses grandes centros
comerciais, banheiros públicos. Portanto, o Projeto de Lei do Plano Diretor tem
que tentar, da mesma forma, como essa proposição aqui, atender essas
necessidades. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero
também comentar um pouco, neste contato primeiro que nós temos aqui no período
preliminar de Pauta, o Projeto do Ver. João Carlos Nedel, no que diz respeito à
implantação de helipontos na nossa Cidade. E olhando já o Processo, o estudo
realizado também pela Procuradoria da Casa, nós vemos que há uma dificuldade
muito forte do ponto de vista legal, porque seria uma iniciativa federal, que
tem a ver com todo o controle de vôos em face do perigo, enfim, que acarreta.
No entanto, acho que há uma certa unanimidade, pelo menos nas poucas
manifestações realizadas aqui, sobre a importância da preocupação e da
iniciativa. Pareceu-me, pela legislação anexada no setor jurídico da Casa, que
há uma dificuldade muito forte do ponto de vista legal. No entanto, da mesma
maneira que o Ver. Renato Guimarães, acho que poderia haver, a partir daí, um
certo movimento, uma certa pressão. Inclusive, nós estaríamos disponíveis para
participar disso, liderados por V. Exa., para que houvesse, de fato, um estudo,
um conjunto do Executivo Municipal, o DAC - não sei bem, mas imagino que seria
o DAC, aqui, em Porto Alegre -, que pudesse realmente definir locais da nossa
Cidade, onde esses equipamentos, os helipontos, pudessem ser colocados,
localizados, para que nós tivéssemos uma segurança nas possibilidades de vôo,
pouso e decolagem, o que pode significar, inclusive, apressamento de
atendimento a pessoas necessitadas, e assim por diante, porque nós vemos que
algumas entidades privadas de atendimento médico, digamos. assim, conseguem ter
esse equipamento.
Então
há interesse, embora de uma parcela muito pequena da população, mas há
interesse da população e nós poderíamos trabalhar dessa maneira. Vai ser
difícil enfrentar a questão da legalidade do Projeto, pela questão federal, mas
que isso não seja motivo para que deixemos de enfrentar esse problema e, de
alguma maneira, conseguirmos implementar a idéia de V. Exa.
Outro
Projeto que gostaria de tratar é do Ver. Luiz Braz, que está em primeira Sessão
de Pauta e dispõe sobre a oficialização do evento Feira de Artesanato da
Alfândega no Município de Porto Alegre. Tanto eu como outros Vereadores,
imagino, fomos procurados pelas pessoas que trabalham ali, e são muitas -
parece-me que são oitenta bancas existentes ali, em números redondos -, que há
muito tempo trabalham naquela região de nossa Cidade, e que têm, naquele
espaço, a sua sustentação. Quase a totalidade são artesãos, são artistas que
produzem algo importante; alguns produtos têm característica turística. São
produtos que têm, marcadamente essa característica de serem gaúchos e,
portanto, têm esse interesse de atração turística.
Tenho
simpatia pelo Projeto de V. Exa. É claro que temos que ver as implicações. Um
lado, digamos, que poderia prender, é o fato de que existe uma discussão entre
eles e o Executivo sobre a possibilidade de localização no Cais do Porto, que
seria um espaço maior, e que a lei pode amarrar. Tenho simpatia pelo Projeto de
V. Exa. volto a dizer, pela importância que tem. De certa maneira é geração de
renda, é ocupação, para as pessoas e sabemos, que cada vez mais, que o emprego,
como era antes, cada vez mais diminui. Alguns se apropriam do desenvolvimento
da tecnologia, infelizmente, e as pessoas vão sendo cada vez mais liberadas do
seu vínculo empregatício. O próprio SEBRAE nos diz que são as pequenas
empresas, aquela espécie de empresa familiar que são, exatamente, as que dão
mais emprego. Então tenho simpatia, mas é um primeiro contato com o Projeto e
precisamos aprofundar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Exmo. Sr. Paulo Brum, no exercício da
Presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores. Comento
Projeto de minha autoria que institui, na Cidade de Porto Alegre, passeios
turístico-culturais para maiores de 65 anos. Proponho que a coordenação dessa
atividade seja feita pelo Escritório de Turismo, pela Secretaria Municipal de
Cultura e pela FESC - Fundação Educacional Social e Comunitária de nossa Cidade
e que, pelo menos uma vez por mês, as pessoas que tenham mais de 65 anos de
idade possam participar desses passeios turístico-culturais. Proponho, por
acreditar na importância de as pessoas conhecerem a sua própria Cidade,
conhecerem a sua beleza, bem como conhecerem a sua própria cultura, porque
muitas pessoas que aqui trabalham, que labutaram por muitos e muitos anos, que
hoje são aposentados, não tiveram a oportunidade de conhecer o Museu de Arte do
Rio Grande do Sul, o Museu Júlio de Castilhos, e poucos puderam admirar o
Theatro São Pedro e até, por incrível que pareça, ainda há pessoas que não
conhecem o Mercado Público, pelo menos depois da sua restauração. Proponho,
também, porque este é o Ano Internacional do Idoso. Preocupa-me sobremaneira
que tenhamos dias disso, anos daquilo, para homenagear estes ou aqueles, mas,
de fato, são apenas datas, nada mais do que datas e datas são qualquer dia. Nós
precisamos, efetivamente, ter política para o nosso idoso, ter uma política
social de amparo a essas pessoas que criaram a riqueza desta Cidade e deste
Estado. Já tenho uma resposta positiva da Secretaria Municipal de Cultura, que
já deu seu parecer favorável a este Projeto. Agora, as Comissões técnicas desta
Câmara vão analisar este Projeto. Na minha opinião, ele tem todas as condições
de constitucionalidade, porque ele não cria despesas. Nós temos verbas nessas
Secretarias e, ademais, proponho, inclusive, que se faça parceria com a
iniciativa privada, com as organizações não-governamentais. Além disto, temos a
nossa Carris, que tem ônibus. Temos as empresas de ônibus, com as quais estes
órgãos poderão fazer parceria e poderemos, portanto, não apenas mostrar a nossa
Cidade, mas mostrar a nossa cultura, os aspectos positivos da nossa Cidade.
Esta é uma Cidade que tem elementos importantes para o desenvolvimento do
turismo. Nesta Casa, no ano passado, quando presidimos a Comissão de Economia,
Finanças e Orçamento, fizemos seminários e vários debates sobre o
desenvolvimento do turismo, como um dos vetores importantes do desenvolvimento
sócio-econômico de Porto Alegre. Vamos continuar nesta trilha.
O Sr. Giovani Gregol: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Companheiro e colega Ver. Adeli Sell, estou muito atento e a idéia
de V. Exa. é muito boa. Além do aspecto do idoso, que V. Exa. abordou muito
oportunamente, há a questão de que Porto Alegre ainda é inexplorada em sua
maior parte, não é utilizada do ponto-de-vista turístico-cultural. E esta é a
temática atual do turismo, porque o porto-alegrense, o habitante de uma cidade
qualquer tem que conhecer melhor e valorizar os bens turísticos, culturais e
ambientais, da sua própria cidade; coisa que em Porto Alegre acontece pouco,
razão pela qual nós exploramos também pouco os nossos turistas. Porto Alegre é
lugar de passagem. Muitos executivos, homens de negócio, permanecem, em média,
vinte e quatro horas em nossa Cidade, sem deixar aqui recursos, sem fazer
turismo em nossa Cidade.
O SR. ADELI SELL: Muito obrigado, Vereador. Concluo com o
aparte de V. Exa., agradecendo pelo apoio. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Embora já tenha sido feito por esta
Câmara, através do seu Plenário, que é o órgão maior, uma homenagem de um
minuto de silêncio. Esta Presidência também se sente consternada pelo
falecimento do Professor Jorge Furtado, ilustre homem público que sempre
exerceu com probidade e dignidade todos os cargos que ocupou. Esposo de uma
mulher excepcional, a ex-Deputada Dercy Furtado, Vereadora desta Casa, e que
ainda pertence aos quadros deste Legislativo. Portanto, apresentamos a sua
família, aos seus filhos, inclusive, um com destaque na Cinematografia
Nacional, nossas condolências. O Prof. Jorge Furtado, inclusive, exerceu cargo
no Ministério da República.
O
Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tenho-me
reportado aqui na tribuna, com uma certa insistência - e parece que está dando
algum resultado -, sobre a questão dos “pardais” e “caetanos”. Não que este
Vereador esteja aqui defendendo a impunidade, acho que as pessoas que cometem excessos
no trânsito devem ser punidas, porque só assim teremos um trânsito menos
violento. Quarta-feira entrei com uma representação junto ao Ministério
Público, solicitando que a instituição entre com uma ação cível contra a
Empresa Pública de Transporte e Circulação, para que sejam sustados,
temporariamente, esses equipamentos. Isto porque eles estão imputando aos
veículos velocidades irreais. Na semana passada, quando abordamos o assunto, e
os jornais locais mostraram com muita clareza três exemplos de velocidades
absurdas, como caminhonetes e até um ônibus com velocidades superiores a 230
quilômetros por hora, ficou claro para este Vereador que os equipamentos
estavam perdendo a sua credibilidade. Quem me assegura que o cidadão que esteja
trafegando numa velocidade adequada àquela via - por exemplo, 60 quilômetros
por hora - não vai receber, depois, uma notificação de que estava a 70
quilômetros por hora? Como é que o cidadão vai provar que estava trafegando a
60 e não a 70 quilômetros por hora? No caso dos exemplos publicados nos
jornais, qualquer pessoa entende que não pode estar a 240 quilômetros por hora,
por isso as multas certamente serão perdoadas. Mas aquele que estava a 60
quilômetros e recebeu a notificação, pois foi flagrado pelo mesmo equipamento
que cometeu o erro dos 240 quilômetros, vai ser multado.
Nós
não podemos transformar os cidadãos de Porto Alegre em cobaias! Não podemos
querer ajustar os equipamentos durante o seu funcionamento, pois, enquanto
isto, os motoristas estão sendo multados.
Por
isso deve haver o bom senso de se sustar temporariamente o funcionamento desses
equipamentos. Para tanto, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial, INMETRO, deve verificar isso e não dar certificado de
fabricação. Não estou colocando sob suspeição as qualidades do equipamento, e
sim se tem condições de funcionar neste momento, porque em 15 dias de
funcionamento tem ocorridos erros gritantes. É justo que o motorista que esteja
trafegando dentro daquilo que estipula o Código de Trânsito Brasileiro e dentro
da velocidade permitida pelas avenidas, que ele seja multado porque um
equipamento está trabalhando errado? Será que é correto isso? Será que não
temos que parar e fazer com que os equipamentos possam ser redimencionados, arrumados
e intensificar o que hoje começa a fazer a EPTC? Comecem a fazer o que este
Vereador pedia no dia 10 de março de 1999, isto é, que, antes da instalação dos
equipamentos, fizessem uma campanha educativa e informativa sobre a
fiscalização eletrônica que estão sendo instaladas no Município.
E
o que respondeu o Sr. Prefeito, 60 dias depois, contrariando a nossa Lei
Orgânica, que diz que é 30 dias, o Sr. Prefeito diz: “solicitações anotadas
para futura programação”. Fiquei contente, quem sabe um dia vão fazer. E hoje
recebo, tomara que estejam recebendo, não os Vereadores somente, mas todos os
cidadãos de Porto Alegre, em todas as sinaleiras e em todos os locais que
tenham os “caetanos” e os “pardais”, dizendo até algumas inverdades e dizendo
outras verdades, que é o principal. As verdades que eu quero é que mostrem as
localizações. Mas deveriam ir um pouco mais adiante, deveriam mostrar as
penalidades, as multas para que as pessoas pudessem se conscientizar. E não
dizer aqui que desde a implantação dos “caetanos” e “pardais”, não teve mortes
e nem feridos nesses locais. Não é verdade. Não podemos mentir para a
população. Não teve mortes, é verdade, mas teve feridos. Em 15 dias de
instalação, teve feridos. Essas coisas não podem ser omitidas.
Se
fizéssemos um paralelo, em 15 dias de abril de 1998, tivemos menos acidentes
que agora. Não estou dizendo, aqui, que isso não é bom para o trânsito, claro
que é bom. Com o tempo, vai diminuir e as pessoas vão adquirir a cultura, a
educação. Em 15 dias, no ano passado, nós tivemos menos acidentes que agora.
Essas informações devem ser corretas. No ano passado, foram 771 e agora passou
a ser l.381. Mas não quero discutir isso agora, isso é para mais adiante.
Eu
quero saudar que começaram a fazer uma campanha informativa, mas, paralela a
essa campanha, vamos educar a população, vamos mostrar como podemos fazer um
trânsito menos violento e vamos desligar esses equipamentos momentaneamente,
até que eles possam ser consertados e que parem de multar os motoristas de uma
maneira errada e vamos religá-los depois que estiverem consertados. Mas eu
quero essa garantia, esta Casa tem que ter essa garantia. “Olhem, está aqui a
aferição do método, não o certificado. Está aqui a aferição, os equipamentos
estão em condições.” Multas ilógicas, multas irregulares aconteceram na Av.
Assis Brasil, aconteceram na Lomba do Pinheiro. Não é um equipamento, é o
sistema.
Vamos
desligar o sistema, periodicamente, para que possamos voltar a utilizá-los de
uma maneira correta, mas, enquanto isso, vamos intensificar essas campanhas,
vamos distribuir em todas as sinaleiras, em todos os locais para que a
população de Porto Alegre possa ter a informação correta, e não ser penalizada
pelas multas injustas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, queremos saudar com
bastante entusiasmo, para nossa satisfação, nosso colega Ver. Germano Wegener,
Presidente da Câmara Municipal de Campos Borges. Cidade que conhecemos, fica
além de Espumoso, lá perto da nossa Soledade. Sinta-se bem aqui no nosso
Plenário. A nossa saudação ao nobre Presidente da Câmara Municipal de Campos
Borges.
O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicação de Líder, pelo PDT.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
queremos manifestar a nossa preocupação também com o assunto trazido a esta
tribuna pelo ilustre Ver. Fernando Záchia em relação aos chamados controladores
de velocidade: os “caetanos” e os “pardais”.
De
um lado temos sustentado a necessidade de um processo de fiscalização maior em
relação aos abusos praticados em matéria de velocidade na Cidade de Porto
Alegre. Sabemos que um processo de educação de trânsito é fundamental para
termos consciência do pleno exercício de cidadania.
Agora,
consideramos que a autoridade estatal tem que ter, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, muita cautela muito cuidado, para não praticar abusos de poder no
exercício das suas funções fiscalizadoras.
Por
isso que, quando houve o registro de motoristas que sofreram multas em razão da
velocidade, em que uma Variante 75 aparecia com a velocidade de 215 km/h e
outros veículos, como caminhão e ônibus em velocidades espantosas, que fogem ao
entendimento normal, se constatava, efetivamente, um problema sério em relação
ao equipamento.
Uma
verificação maior tem que ser feita sobre esses equipamentos.
Nós
cobramos aqui da tribuna desta Casa, quando falávamos da questão dos
“azuizinhos” em relação à necessidade de que esses profissionais do trânsito,
essa guarda municipal, ganhasse credibilidade e respeitabilidade na sua
atividade, num primeiro momento, desenvolvendo uma atividade não de natureza
repressiva, mas sim, educativa. Batemos tanto nesse assunto que já temos tido
alguns resultados positivos dessas críticas que fizemos aos “azuizinhos” da
Cidade de Porto Alegre.
Há
que ter-se uma sensibilidade grande em matéria de atuação de trânsito na
Cidade.
Há
que ter-se uma preocupação muito grande em relação ao pedestre. Considero, por
exemplo, que as áreas destinadas à travessia dos pedestres devem ter um cuidado
especial; aí sim, deve ser criada até uma ação repressiva, quando o pedestre
for desrespeitado. O fato de ele colocar o pé numa faixa de segurança obriga,
imediatamente, a todos os veículos pararem. Esse é o respeito que tem que ter,
essa é a cidadania que preconizamos aqui na Cidade de Porto Alegre. Portanto, a
nosso ver, até que se tenha uma convicção plena da eficácia do equipamento
tecnológico que está-se usando, que não acarrete erros de avaliação, ele não
pode ser empregado no cotidiano da sua ação.
O
Presidente da Companhia Municipal de Trânsito da Cidade de Porto Alegre, que
tenho certeza que introduziu os “pardais” e os “caetanos”, não imaginava que eles pudessem apresentar problemas de
tecnologia, e que pudessem, de repente, estar fazendo uma errada avaliação da
velocidade dos equipamentos. Enquanto não houver uma plena certeza do
equipamento em relação a sua atuação e a sua certeza do ponto de vista
metrológico, Ver. Pedro Américo Leal, ele não pode ser usado, ele gera dúvidas
em relação a sua ação. Deve, a Companhia Municipal de Transporte Público,
paralisar imediatamente o uso e o emprego de “caetano” e “pardais”, porque ele
não está nos permitindo a certeza de uma correta avaliação.
Socorre-me
o eminente Ver. Pedro Américo Leal dizendo que o equipamento tem que ter uma
fidelidade plenamente confiável, se não houver, ele não pode ser aplicado,
porque ele estaria cometendo erros nas avaliações.
Mas
nós achamos que é um equipamento importante, mas ele tem que ser usado quando a
sua confiabilidade e a sua credibilidade sejam plenas do ponto de vista
científico, enquanto não o é, não pode ser usado.
E
deixamos aqui, num primeiro momento, um apelo no sentido de não usar, não
empregar estes equipamentos antes que tenham a certeza de uma fidelidade
confiável. Se não for obedecido, é óbvio que, esta Casa, como fiscalizadora dos
atos do Poder Executivo, terá que tomar outras providências, como fez,
individualmente, o Ver. Fernando Záchia, que foi pedir a ação do Ministério
Público. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa em
Comunicação de Líder.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero
destacar alguns fatos, há pouco ocorridos, tanto na nossa Cidade quanto no
nosso Estado, que são muito positivos. E é preciso que façamos esta
manifestação.
Há
alguns dias atrás a entidade Portosol
foi escolhida por entidades, inclusive, internacionais, como uma das mais
importantes iniciativas no Brasil de ataque à pobreza. Foi uma iniciativa da
Prefeitura, não é um órgão público, mas foi iniciativa do nosso Executivo. E
que num período curto de tempo - o
Portosol tem três anos - consegue este destaque. Esta Casa aprovou,
inclusive, a possibilidade dele atuar na Região Metropolitana. Este é um dado
positivo, muito importante.
Outro
dado é que a nossa Empresa Pública Municipal, a Carris Porto-Alegrense, foi
escolhida como a melhor empresa do País, seja ela pública ou privada.
Quero
registrar e parabenizar a direção da Carris, seu corpo funcional, e o nosso
Executivo, a partir do Prefeito Raul Pont, porque é um fato muito relevante
para a nossa Cidade. E faz parte de todo um trabalho de qualificação do
transporte público em nossa Cidade, que se não é o melhor, podemos dizer que é
um dos melhores transportes públicos do País, e este prêmio vem confirmar isso.
Ao
mesmo tempo, vemos que o Prefeito, depois da autorização desta Casa, assinou
contrato com o BNDES, contrato importante, de quarenta milhões de reais para a
nossa Cidade, significando obras, inclusive da III Perimetral, mais ônibus para
a própria Carris e corredor de ônibus na Bento Gonçalves. A nossa Cidade
recebeu notícias importantíssimas nos últimos dias. Além disso, cancelamos um
compromisso que íamos realizar juntos, eu e V. Exa., Ver. Pedro Américo Leal,
porque agora a Av. Assis Brasil está liberada ao tráfego. A partir dessa obra
muito importante, que vai qualificar o transporte da Região Norte, da Região
Metropolitana da Cidade, agora continuam sendo realizadas as obras do corredor
de ônibus mais a Avenida toda liberada.
Ontem,
nós tivemos a sanção do Sr. Governador do Estado, na criação das Secretaria
Estadual da Habitação. Já foi anunciado, ainda em 1999, com toda a dificuldade
financeira que o Estado atravessa, a locação de 20 milhões de reais que
significará cerca de 8 mil unidades: casas ou terrenos urbanizados,
correspondendo a 35 mil pessoas, ainda neste ano, que receberão melhoria em
nosso Estado. Sabemos que é muito pouco, nós queremos muito mais recursos para
a moradia popular no Estado, mas esses 20 milhões recebidos em 1999, com essa
penúria de recursos porque passa o Estado do Rio Grande do Sul, significa mais
que os quatro anos do antigo Governo de Antônio Britto.
Tenho
dito, desta tribuna, que talvez esse seja o símbolo do desastre que foi o
Governo de Antônio Britto, ou seja, a moradia popular, que acabou com a COHAB,
não colocou nada no lugar e fez praticamente nada.
Trago
uma prova aqui, que inclusive atinge a nossa Cidade, Ver. João Dib, havia um
contrato com o Governo Federal para a construção de moradias na Vila Tio Zeca,
que é uma das vilas mais pobres da nossa Cidade. Em 29 de dezembro de 1998, a
Caixa Econômica Federal mandou uma correspondência para a Secretaria de Obras
do Estado, onde dizia o seguinte: “Desse modo informamos que o Contrato n.º
0045151.06, do Município de Porto Alegre, Vilas Tio Zeca e Planalto está sendo
cancelado, tendo em vista que as obras ainda não iniciaram, não havendo,
portanto, condições de ser concluída até o final deste exercício.” Dois milhões
e meio de reais perdidos pelo Governo do Estado, na Administração Antônio
Britto, para melhorar a vida da Vila Tio Zeca. A Caixa Econômica Federal mandou
correspondência cancelando, porque as obras não começaram. Agora, o atual Secretário
está tentando refazer, ressuscitar esse Contrato, para uma Vila muito pobre da
nossa Cidade, por causa da incompetência do Governo Antônio Britto, Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
O
SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento): Sr.
Presidente, após conversa com algumas Lideranças, surgiu a proposta, que
requeiro, para que a seqüência de votação fosse: PLL nº 016/99, PLE nº 029/98
e, após, votássemos os Requerimentos de números: 106/99, 110/99, 111/99.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver.
Guilherme Barbosa. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(discussão: todos os Vereadores/05
minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
0821/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 016/99, de autoria da Mesa Diretora, que altera
a Lei municipal nº 5395, de 05 de janeiro de 1984, que proíbe ao Município a
contratação de força de trabalho, em caráter permanente, através de pessoas
físicas e de empresas intermediárias ou locadoras de mão-de-obra, acrescentando
parágrafo ao artigo 1º e dando outras providências.
Observações:
- dispensado de Parecer
nos termos do Art. 102, § 4º do Regimento da CMPA;
- adiada a discussão por
uma Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 016/99. Informo
que há um Destaque da expressão “e manutenção”, no Parágrafo Único, ao Artigo
1º. O Destaque é de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt e, evidentemente, o
Vereador não estando presente, teremos que votá-lo.
Para
informação dos Srs. Vereadores, que não são Líderes e não são da Mesa, que o
Projeto, de autoria da Mesa Diretora, foi amplamente discutido. Trata-se de
tema relativo à limpeza da Casa, inclusive de problemas até de ordem técnica
como, por exemplo, os vidros externos da Casa, de altura bastante superior à
normal, requerendo mão-de-obra especializada. Informo também que, por enquanto,
não haverá nenhuma modificação nos serviços. Depois, teremos que votar um
Projeto de Resolução, de como funcionará essa situação. Agora é apenas a
modificação da Lei que proíbe esse tipo de contratação de terceiros. Quero
transmitir que, por enquanto, abre-se a possibilidade de que, se os Vereadores
entenderem que ainda não é necessário, o Projeto de Resolução pode ficar
sustado e não haverá modificação nenhuma. É claro que a nossa intenção não é
essa. Nós continuaremos discutindo com os Líderes e com as Bancadas.
O SR. JOÃO DIB (Esclarecimento): Sr. Presidente, trata-se de um Projeto
de Lei e não de um Projeto de Resolução, então não está-se fazendo confusão?
Precisa-se da sanção do Sr. Prefeito.
O SR. PRESIDENTE: Disse que depois haverá um Projeto de
Resolução regulamentador, e aí será feita a devida organização nos setores
administrativos.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA
(Requerimento): Sr.
Presidente, solicitaria o adiamento da discussão dessa matéria por duas
Sessões.
O SR. PRESIDENTE: Lamento indeferir o Vosso Requerimento,
porque na semana passada, por duas vezes, o Ver. Luiz Braz fez a mesma
solicitação para aprofundar certas questões nesse Projeto.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, participei de todas as
reuniões e mesmo assim, tenho alguns óbices. Mas se for colocada em votação,
colocarei os meus óbices. Agradeço, Sr. Presidente.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Registro a presença dos Vereadores do
PDT de Arambaré, Sr. Adão Cezar Silveira e do Presidente da Câmara Sr. Aldo
Longaraí, e do Presidente da Câmara de Campos Borges Sr. Germano Nedener. Temos
muita satisfação em recebê-los. Os Vereadores Isaac Ainhorn e Elói Guimarães
estão fazendo as honras da Casa.
O
Ver. João Dib está com a palavra para discutir.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
discussão o Projeto de Lei que o Presidente diz que é apenas uma modificação da
lei. É uma nova lei.
Mas
eu vou continuar dando nota zero, com louvor, à Exposição de Motivos deste
Projeto de Lei. Quando eu fiz, e este Projeto estava em Pauta, esperava que se
fizesse uma nova Exposição de Motivos, colocando, com a simplicidade, com a
singeleza que o Presidente colocou agora do que se trata; sem agredir o
passado, sem dizer que a Constituição Cidadã resolveu. Essa Constituição de
cidadã não tem nada, porque ela diz que o salário mínimo é capaz de sustentar
quatro pessoas com casa, comida, roupa lavada e férias na praia, e não dá para
fazer coisa nenhuma. Então, essa Constituição Cidadã parece que não se deu
conta de que lei deve ser respeitada, e a Exposição de Motivos é longa, e nós
sabemos que hoje a mão-de-obra terceirizada está proibida, mas também sabemos
que todo o Departamento Municipal de Limpeza Urbana faz o seu serviço com
mão-de-obra terceirizada.
Precisa
resolver alguma coisa? Precisa. Mas não pura e simplesmente descumprindo a Lei.
O primeiro dever do vereador é fiscalizar o cumprimento da lei. Isso não está
acontecendo, nós estamos deixando fazer o serviço do Departamento de Limpeza
Urbana terceirizado, e é proibido por lei. E o Projeto de Lei que pretende,
agora, a Mesa da Câmara, é mais singelo, apenas pretende que dentro dos
próprios municipais se possa terceirizar serviços. Portanto, é diferente, mas
não houve, no meu entendimento, um detalhe importante. Exposição de Motivos não
é Lei, eu sei, mas como vai ficar nos Anais da Câmara.
Eu
não aceito a Exposição de Motivos e eu precisava registrar, neste Plenário,
mais uma vez: nota zero, com louvor, à Exposição de Motivos da Mesa da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira discutir,
encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra, para encaminhar.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para encaminhar pela Bancada do PDT.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este
Projeto que trata da questão da contratação de força de trabalho em caráter
permanente foi profundamente avaliado e estudado no âmbito da Mesa desta Casa.
Na realidade, quando surgiu a Lei que proibia a contratação de força de
trabalho em caráter permanente, através de pessoas físicas de empresas
intermediárias no âmbito municipal, ela teve um sentido absolutamente correto;
no entanto, a experiência mostrou que se operaram algumas distorções no âmbito
da sua aplicabilidade, em função da proibição da chamada terceirização.
Esta
Casa é um exemplo - muitas vezes, das dificuldades que existem no
encaminhamento do cotidiano da administração -, é uma Casa complexa, até porque
ela saiu de um lugar extremamente pequeno para um lugar muito amplo, muito
grande e sem o conjunto de mão-de-obra necessário a responder às necessidades
da Casa. Observamos, ainda que com todas as obras realizadas nas duas gestões
anteriores - a do Ver. Luiz Braz e do Ver. Clovis Ilgenfritz - que não houve
uma conclusão final desta Casa. Embora, para quem entrou aqui no ano de 1986,
passados mais de dez anos, nota as profundas modificações. Todos sabem dos anos
que este Plenário não foi usado, devido às condições objetivas e materiais de
falta de uso. Hoje, ele está em plenas condições de uso, e o Plenarinho é uma
referência de estrutura. Agora, tudo isso exige muito cuidado, muita manutenção
e muita conservação.
Sr.
Presidente, todos nós sabemos que a aprovação deste Projeto, V. Exa. como
jurista, como advogado, e os outros bacharéis aqui desta Casa, e mesmo aqueles
que não são bacharéis - a exemplo do Ver. João Dib, que aplica o princípio
hermenêutico do bom senso, pelo menos há que se pressupor a existência do bom
senso naquele que aplica o princípio do bom senso -, o que se observa que ela
não é auto-aplicável, ela exigirá, V. Exa. bem o sabe, a regulamentação. Nós
estamos dando o primeiro passo, que é a mudança do princípio legal, mas que
ficará condicionado e pendente de um manual de regulamentação para a sua
auto-aplicabilidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
encaminhar.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Porque
atribuí nota zero à Exposição de Motivos que encaminha este Projeto de Lei? É
que ela não respeitou a própria Casa no passado, quando, num Projeto de Lei de
iniciativa Legislativa, sancionado pelo Prefeito, foram colocadas uma série de
medidas que deveriam ser tomadas para que fosse vedada no Município a
contratação de mão-de-obra de terceiros, por intermédio de pessoas físicas ou
de locadoras de serviços, salvo nos casos de trabalho temporário. Prefeito, à
época, eu sancionei com dois vetos, que a Câmara aceitou, e se fez daqui uma
lei muito bem estudada, amplamente debatida, e não o que aconteceu aqui e agora.
Eu
já disse quando discutia que não tenho restrições maiores ao que se propõe.
Apenas a forma de fazer a proposição. Até quando se busca a dispensa do
Parecer, nos termos do artigo 102, parágrafo 4º, do Regimento, que o Ver.
Carlos Alberto Garcia reclamou que não foi amplamente debatido, se tivesse
passado nas Comissões, e este Processo está na Casa desde o dia 16 de
fevereiro, está, portanto, com três meses, poderia ter passado nas Comissões,
poderia ter sido alterada essa Exposição de Motivos nota zero, e aprovado com a
tranqüilidade que deve merecer um Projeto desse padrão; debatido amplamente, e
não o foi. Essa é que é a grande verdade. De qualquer forma, eu não tenho
grandes restrições ao Projeto de Lei proposto pela Mesa. Saúde e paz! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar,
colocamos em votação nominal, solicitada pelo Ver. João Dib, o PLL nº 16/99.
Vota-se o Projeto com ressalva da expressão destacada pelo Ver. Antonio
Hohlfeldt, que será votada logo após. (Após a chamada.) APROVADO por 18 votos SIM,
01 voto NÃO e 01 ABSTENÇÃO, com Declaração de Voto do
Ver. Carlos Alberto Garcia.
“Declaração de Voto
Gostaria
de registrar a não contrariedade à terceirização e sim posição contrária à forma
como foi encaminhada tal matéria nesta Casa, não permitindo amplo debate, sem
passar pelas Comissões Permanentes.
(a) Ver. Carlos Alberto Garcia”
Ver.
Carlos Alberto Garcia, eu não o faria se não fosse apenas para registrar nos
Anais da Casa, que tem que registrar a nossa história real: não houve pedido de
artigo nº 81 e nem urgência. Não passa nas Comissões, porque é da Mesa. Só
quero registrar, porque V. Exa. colocou por escrito, apenas para que fique registrado
que não foi açodamento da Mesa.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Destaque.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Nereu D’Ávila, Presidente desta
Casa, Ver. Adeli Sell, Secretário, Srs. Vereadores, Sra. Vereadora, Senhoras,
Senhores. Ver. Nereu D’Ávila, eu sei das dificuldades que V. Exa. encontra para
administrar algumas áreas da Casa, porque foram dificuldades que todos nós, que
presidimos esta Casa, encontramos. E uma das partes cruciais para o
administrador é essa área dos serviços gerais, principalmente o setor de
limpeza. Nós temos aqui uma área muito grande, são dezessete mil metros de
construção, e isso faz com que tenhamos muitas dificuldades, pois os nossos
funcionários não cresceram em número suficiente para fazer frente ao crescimento
da área. Eu acredito que a aprovação deste Projeto, de acordo com a discussão
que fizemos entre Mesa e Lideranças, dá a V. Exa. as condições necessárias para
que V. Exa. possa fazer frente a esse problema, já que V. Exa. poderá contratar
empresas, terceirizando esse serviço e ajudando os nossos funcionários a fazer,
por exemplo, o serviço de limpeza, que é extremamente necessário. Para que
funcionários e Vereadores possam, por exemplo, utilizar os banheiros da Casa,
pois muitas vezes recebemos reclamações de que nenhum dos banheiros estava em
condições de ser utilizado, e nós temos, aqui, seiscentas pessoas vinculadas a
esta Casa Legislativa. Agora, tem um setor - e é por isso que eu continuo
insistindo com V. Exa., e que está destacado pelo Ver. Antonio Hohlfeldt - que
tem trabalhado a contento na Casa, e que V. Exa. poderia utilizar para
enfrentar este problema, que é o Setor de Manutenção. São funcionários que nós
temos, ou até poderia haver alguma cedência por parte do Executivo. O
funcionário responsável por este Setor - eu até vou declinar o seu nome, o
Luizão, e não é vinculado ao meu Partido - tem feito um trabalho muito bom na
Casa.
No
ano passado, quando nós dirigíamos esta Casa, ele foi o responsável por fazer
com que os gabinetes estivessem todos atendidos dentro das suas necessidades,
que a Casa estivesse sendo atendida dentro das suas necessidades. E, até mesmo,
ele sempre se predispõe, ele sempre está disposto a orientar outras pessoas
para que possam servir como seus auxiliares nesta área de manutenção. Então, eu
acredito que não haveria necessidade de nós fazermos contratação de uma empresa
para fazer a manutenção da Casa. Mesmo que V. Exa., ou a Mesa, possa alegar que
vai haver uma complementação do trabalho que é realizado por esse funcionário,
por esse departamento, eu acredito que o Administrador da Casa poderia fazer
com que o trabalho do Luizão, nessa área de manutenção, pudesse ser
complementado com os próprios funcionários ou da Câmara Municipal, ou com
alguma cedência que pudesse fazer frente às necessidades que nós temos nesse
setor.
Então,
Sr. Presidente, Ver. Nereu D’Ávila - que tão bem tem conduzido esta Casa nestes
dias -, e eu sei que V. Exa. tem enfrentado problemas que nós, felizmente, na
nossa gestão, não tivemos que enfrentar, como foi o caso desta semana, e outros
casos em que V. Exa. tão bem tem-se posicionado a frente desta Instituição,
orgulhando todos nós, deste Legislativo, com as suas ações sempre muito limpas,
muito retas - eu acredito que V. Exa. poderá dar mais uma contribuição para
esta Casa, como está dando agora, fazendo com que possa haver esta tercerização
em setores como esse da limpeza. Eu acho que daria mais uma contribuição para a
Casa se pudesse, nessa área da manutenção, manter fora a possibilidade da terceirização,
fazendo com que esse trabalho pudesse ser enfrentado pelo setor, com alguma
ajuda do Executivo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Toda a opinião pública tomou conhecimento
que esta Casa, dois dias atrás, por 32 votos e uma abstenção, votou, pelo
motivo aceito pelo Plenário, de falta de decoro parlamentar, a perda do mandato
da Vera. Annamaria Gularte. Publicado esse Decreto Legislativo (nº 323/99),
hoje, no Diário Oficial do Município, esta Casa tem que dar posse, em caráter
definitivo, ao substituto legal da Vera. Annamaria Gularte, Ver. Gilberto
Batista.
O
Vereador Gilberto Batista havia manifestado que gostaria da presença de seus
familiares na posse, o que é compreensível, e por isso a posse se dará neste
momento. Neste sentido, esta Presidência interrompe o processo de votação para
dar posse ao Vereador. Como S. Exa. já prestou o juramento que a Lei Orgânica
prescreve, eu apenas oficializo a sua posse. Considero empossado o Ver.
Gilberto Batista, nos termos da Lei Orgânica e do Regimento, como Vereador
efetivo, titular da Bancada do Partido da Frente Liberal nesta Casa. Já
acompanhamos a atuação do Ver. Gilberto Batista quando assumiu, por diversas
vezes, a titularidade.
Portanto,
S. Exa. conhece as nuanças, o Regimento e as Comissões da Casa, e está
plenamente habilitado. Diante disso, tenho certeza que S. Exa. continuará o
trabalho que vinha desenvolvendo transitoriamente, agora na efetividade.
Peço
a S. Exa. que venha até a Mesa para que este Presidente, através de um aperto
de mão, o considere formalmente empossado. (Palmas.)
O
Ver. Gilberto Batista solicita a palavra, o que nós concedemos, tendo em vista
a singularidade e a excepcionalidade do fato.
O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sei que
é anti-regimental esse espaço que V. Exa. está me concedendo, mas agradeço
antecipadamente a oportunidade. Quero deixar registrado, publicamente, aqui, o
bom trabalho desenvolvido por V. Exa., toda a Mesa Diretora e a Comissão de
Ética no processo que foi desencadeado nesta Casa, acreditando resgatar a
imagem deste Parlamento. Quero agradecer não pelo fato ocorrido, mas sim pela
sua competência na Presidência desta Casa, que é a Casa do Povo de Porto
Alegre.
Sr.
Presidente, estou à sua disposição e, evidentemente, da Câmara Municipal para
que o bom andamento desta Casa passe também pelo trabalho deste Vereador. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Destaque, de autoria do Ver.
Antonio Hohlfeldt, da expressão “e manutenção”, constante no Parágrafo Único do
artigo 1º do PLL nº 016/99. (Após a chamada.) APROVADO por 12 votos SIM, 06
votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu pergunto a V. Exa. se
não precisaria de 17 votos para poder aprovar o Destaque.
O SR. PRESIDENTE: Não, Ver. Luiz Braz, é o mesmo quórum do
Projeto. Projeto de Lei Ordinária não necessita da maioria absoluta.
(discussão: todos os
Vereadores/05 minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e
bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. 2706/98- PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 029/98,
que dispõe sobre a eliminação de barreiras arquitetônicas em edificações e
logradouros de uso público e dá outras providências.
Pareceres:
- da CCJ.
Relator Ver. Nereu D’Ávila: pela aprovação do Projeto;
-
da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell:
pela aprovação do Projeto;
-
da CUTHAB. Relator Ver. Antônio
Losada: pela aprovação do Projeto;
- da COSMAM. Relatora Verª Sonia Saraí: pela aprovação do Projeto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 29/98. Com a
palavra o Ver. Paulo Brum para discutir.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faço
questão de discutir este Projeto, apenas para ressaltar, Sr. Presidente, o
momento histórico que esta Casa está vivendo, hoje. Momento histórico na luta
das pessoas portadoras de deficiência, em especial das pessoas que têm
dificuldade de locomoção.
Enquanto
Vereadores, buscamos de todas as maneiras resgatar o livre direito de ir e vir,
o direito de participarmos enquanto verdadeiros cidadãos que somos, mas quando
nós conseguimos - e nós que eu digo somos os cidadãos portadores de deficiência
física, que bravamente viemos lutando na busca do nosso reconhecimento enquanto
cidadãos -, quando nós conseguimos sensibilizar o Poder Executivo, que em
última instância é o poder que na lei fria e clara tem o poder de fazer com que
as coisas realmente venham a acontecer...
Por
isso, o Sr. Prefeito manda a esta Casa um Projeto de Lei que dispõe sobre a
eliminação de barreiras arquitetônicas em edificações de logradouros públicos.
Só esse termo “de uso público” vem de
fato garantir o nosso pleno direito de cidadania, porque não é só em
logradouros públicos, mas em todos os lugares. Isso quer dizer que nós
cidadãos, os que utilizam uma cadeira de rodas, que utilizam próteses,
bengalas, possamos ter o direito, como qualquer outro cidadão, de vivermos
livremente na cidade em que escolhemos para viver. Por isso, Porto alegre, mais
uma vez, sai como pioneira na luta de procurar resgatar o pleno direito das
pessoas com deficiência física.
Digo
isso, Sr. Presidente, porque estivemos, semana passada, representando este
Parlamento Municipal no Congresso Nacional, quando participamos do Encontro da
Frente Nacional de Parlamentares e Executivos portadores de Deficiência. E o
grande assunto que circulou, o grande debate nacional que estamos fazendo,
enquanto parlamentares portadores de deficiência, é fazer, sim, com que
tenhamos, em nível nacional, regulamentado o dispositivo da Constituição Federal
de 1988, que diz basicamente sobre este Projeto que estamos discutindo.
Queremos
dizer que também que há, em nível nacional, o Movimento Organizado das Pessoas
com Deficiência, e parlamentares sensíveis na busca de fazer com essas
garantias saiam do papel.
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Tereza Franco se inscreve e cede
seu tempo ao Ver. Paulo Brum, com aquiescência dos demais Vereadores inscritos.
O SR. PAULO BRUM: Muito obrigado, Vera. Tereza Franco.
Volto a repetir que considero este um momento histórico, e que felicidade e
emoção poder participar deste momento, porque, quando aqui cheguei, em 1995,
busquei sensibilizar este Legislativo, e nós, mais uma vez em Porto Alegre,
conseguimos, em pouco tempo, ser um exemplo nacional, no que diz respeito a
leis e ações que venham, de fato, garantir o pleno direito das pessoas
portadoras de deficiência.
Conseguimos
sensibilizar o nosso Presidente da República e, hoje, no Congresso Nacional, há
um Projeto de Lei de Sua Excelência, exatamente sobre o assunto que estamos
discutindo. Tivemos em audiência com diversas lideranças que compõem o
Congresso Nacional e também conseguimos junto a essas lideranças que este
Projeto do Sr. Presidente da República seja apreciado no Congresso Nacional em
regime de urgência. E isso porque já estamos chegando no próximo milênio. O que
nós, portadores de deficiência, exigimos do Poder Público são apenas condições
para que possamos lutar de igual para igual. E o Projeto de Lei do Sr. Prefeito
de Porto Alegre trata basicamente desses anseios pelos quais tanto lutamos.
Sinto-me
emocionado por poder participar desta egrégia Câmara Municipal que, a partir de
hoje, estará escrevendo mais uma página na história de luta das pessoas
portadoras de deficiência, que apenas querem o direito de participar, de viver
como cidadãos.
Clamo
aos Srs. Vereadores que aprovem o Projeto por unanimidade e que, a partir da
data de hoje, passemos para a história dos legislativos municipais, como a
primeira Capital e o primeiro Município que irá banir de vez as barreiras
arquitetônicas, garantindo o pleno acesso de todos a todos os lugares.
Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para discutir.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
acredito que a partir deste Projeto do Executivo, Porto Alegre entrará no rol
das cidades modernas. Moderna na concepção de cidade, de ambiente, de
construções, mas, principalmente, moderna no sentido do respeito ao homem, do
resgate maior da cidadania que é o amplo direito de ir e vir que, muitas vezes,
é cerceado por atitudes involuntárias ou por barreiras arquitetônicas. Quem não
sabe das dificuldades, às vezes, de uma pessoa portadora de deficiência ocupar
o sanitário com uma porta de 70 cm? Uma cadeira de rodas não passa por esse
espaço.
O
Executivo foi muito feliz quando coloca no bojo da lei todos os órgãos,
praticamente. A Lei diz: (Lê.) “Para efeito desta lei classifica edificações e
logradouros; categoria um; Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, prédios
onde funcionam órgãos ou entidades da Administração, estabelecimentos de
ensino, supermercados, cartórios, tabelionatos, estádios, ginásios, cinemas,
clubes, bares, restaurantes, hotéis e similares, sindicatos e assim por
diante.” Ou seja, todos os estabelecimentos terão, daqui para a frente, que se
adaptar.
Hoje,
dados recentes, e a justificativa coloca isso, dos países economicamente
desenvolvidos atestam que o percentual de pessoas com alguma dificuldade de
locomoção supera o índice de 20%. Devido aos graves problemas estruturais que o
nosso País possui é de se esperar que esse percentual seja mais elevado. Se
somarmos a esses percentuais idosos, crianças, gestantes, pessoas com
dificuldade de locomoção temporária, doentes crônicos de várias tipologias e
outros, verificaremos, com facilidade, que esse contingente populacional é
muito grande. Quero ampliar ainda, todos nós, de uma maneira direta ou
indireta, lidamos com as pessoas portadoras no seu dia-a-dia. Então, este
Projeto, sem sombra de dúvidas, vai atender a população como um todo.
O
Ver. Paulo Brum, que é um “expert” nessa área, foi muito feliz quando disse que
estamos vivendo um momento histórico. Quero concordar com V. Exa., Ver. Paulo
Brum, hoje realmente é um momento histórico. Talvez, Porto Alegre, daqui a
alguns anos, possa servir de paradigma para outras cidades e outras capitais,
pois o processo sempre é macro.
Esperamos
que este Projeto seja aprovado pela unanimidade da Casa, só vamos fazer com que
o mais cedo possível isso se realize. Lastimo que essas atitudes se efetivem
somente através de lei. Entendo que não precisaria lei para fazer isso, bastava
que se usasse bom senso, pois é algo do cotidiano, é solidariedade, é voltar-se
para o próprio eu. Isso é o que está faltando neste mundo, dito moderno, mas,
ao mesmo tempo, amplas discussões estão sendo realizadas para a construção de
um novo milênio. Esperamos que esta sociedade seja cada vez mais justa e
fraterna. Esse é um gesto simples e singelo que pode fazer com que todas as
pessoas, sem ver credo, raça, cor ou deficiência, sejam amparadas no mesmo bojo
e concepção de fraternidade e solidariedade.
Portanto,
em nome do Partido Socialista Brasileiro, gostaríamos de parabenizar o
Executivo por esse Projeto. Temos a certeza de que o povo de nossa Cidade é
quem vai lucrar, nessa concepção macro do direito de ir e vir de todos. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra
para discutir.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse
Projeto do Executivo n.º 29/98, merece aplauso. O pronunciamento do Vereador
que me antecedeu, expressou isso com bastante destaque. Ele, que vive essa
dificuldade no seu dia-a-dia, a dificuldade da locomoção. E não é só este
companheiro, tão interessado no encaminhamento deste Projeto, mas há um número
significativo de brasileiros que têm esta dificuldade, esta deficiência. Mais
ou menos em torno de 5% da população brasileira sofre de deficiência que lhe
prejudica a locomoção. E este Projeto do Executivo, que passou pela nossa
Comissão, a CUTHAB, que recebeu a unanimidade em favor da sua aprovação, é um
Projeto que visa alterar a configuração do espaço construído, de edificações e
logradouros, a fim de permitir o acesso e a circulação livre e segura à
população, em especial às pessoas portadoras de deficiências ou com limitações
de locomoção.
Portanto,
a proposição tem mérito e merece, de nossa parte, Ver. Paulo Brum, a aprovação
por unanimidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para discutir.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este
Projeto, de autoria do Executivo Municipal, nos afigura uma idéia que vem aos
poucos fazer com que atinjamos os desideratos de todos, que é a democracia, a
igualdade perante o estado de direito.
Porque
o estado de direito, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estabelece um conjunto
de regramentos e dependendo da sociedade, do desenvolvimento deste ou daquele país,
muitas vezes, ele nega a democracia.
E
este Projeto, Ver. Paulo Brum, vem exatamente fazer com que se concretize, pelo
menos, nesta área, a igualdade de todos perante a lei. Porque, é bom que se
diga, que só o avanço no campo da democracia é que será capaz de se atender ao
preceito do estado de direito, inserido na Constituição, que é a igualdade de
todos perante a lei.
Na
medida em que a sociedade, o Estado não dota-se de todos os mecanismos para
permitir a participação, não estamos atingindo a igualdade. A igualdade perante
a lei ainda é um princípio programático, ainda há um espaço imenso a percorrer
para que se atinja este princípio basilar da Constituição e da democracia, que
é a igualdade perante a lei.
Este
projeto no terreno da arquitetura, no terreno das edificações, vem fazer com
que se concretize na prática este Projeto, que é muito mais um projeto de
direitos humanos, na visão da democracia, daquela democracia que todos
almejamos e queremos, do que um projeto arquitetônico.
As
modificações devem se processar, daqui para a frente, fazendo com que a pessoa
ascenda, chegue à igualdade que outros têm, por fatores que não vem ao caso,
aqui, examinar e discutir.
Então,
este Projeto, é um projeto de profunda conotação humana e cristã, democrática,
no sentido de ir buscando a igualdade, na medida em que se estabelece
mecanismos às edificações para que o cidadão, a criança, o jovem, o velho,
aquele que possui deficiências tenha a igualdade.
Quando
um projeto deste quilate, desta envergadura, desta sabedoria vem à Casa, é
razão para que, na tribuna, destaquemos os pontos que reputamos extremamente
importantes. São projetos que fazem concretizar o princípio da igualdade, que é
o princípio estrutural, fundamental da democracia, que é a igualdade de todos
perante a lei, é a igualdade de todos perante os benefícios da civilização, é a
igualdade de todos perante os salários, é a igualdade de todos perante a
liberdade, enfim, a igualdade de todos em um dos aspectos importantes,
fundamentais que é o direito de circular. O direito de circular, o direito de
andar, o direito de chegar torna imprescindível que estruturas e mecanismos se
façam para que este direito, enfim, seja efetivamente, concretizado. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este
Projeto, como classificou o Ver. Paulo Brum, é um projeto, em certo sentido,
pioneiro. Ele suscita uma discussão sobre a questão da democracia, como já foi
referido pelo meu antecessor, na tribuna, Ver. Elói Guimarães. Penso que é um
tema extremamente importante para que peguemos como âncora para fazer uma
discussão e aprofundar essa questão da democracia. Para mim, o que é basilar na
democracia é o reconhecimento das diferenças; é a possibilidade que temos dos
diferentes conviver, não só harmonicamente, mas tendo condições de usufruir de
todos os benefícios que a sociedade cria. Não só os benefícios materiais mas,
também, do acesso aos bens culturais.
Por
isso, entendo que não basta dizermos que a democracia é a igualdade de todos,
perante à lei. Temos que derivar desse princípio para que possamos atingir esse
ideal de garantia de direitos aos diferentes. Nós temos que admitir que para
atingir este ideal é preciso tratar desigualmente os desiguais, através de
ações que estabeleçam uma discriminação positiva, porque, do contrário, não é
possível garantir, a determinados grupos pela sua fragilidade neste ou naquele
aspecto, que usufruam da democracia e que, conseqüentemente, tenham acesso aos
benefícios que a sociedade cria.
A
nossa legislação e eu, também, diria que a humanidade nos últimos tempos tem
avançado nesse sentido. Desde a Revolução Francesa que os trabalhadores vêm
conquistando leis que estabelecem essa discriminação positiva e avançam no
sentido de tratar desigualmente os desiguais. É o caso das conquistas em
relação às mulheres gestantes, é o caso das conquistas em relação aos idosos, é
o caso das conquistas em relação às crianças, especialmente as crianças em
situação de risco que têm de serem tratadas de forma diferenciada. Está aí o
Estatuto da Criança e do Adolescente exatamente para garantir, de um lado, os
direitos universais às crianças, que são garantidos a todos os cidadãos, e de
outro lado, garantir aquelas medidas protetivas às crianças, especialmente, às
de situação de risco, e é o caso em tela dos deficientes, que para poderem
usufruir daqueles benefícios, daqueles direitos, inclusive, do acesso aos bens
culturais que a sociedade cria, tem que ter medidas como esta, que estabeleçam
esta discriminação positiva e que tratem desigualmente os desiguais, no sentido
de diferentes, para que todos possam ter realmente os mesmos direitos.
Por
isso é que eu sempre saliento que não basta nós ficarmos apenas no enunciado de
que é preciso tratar todos, e a todos, igualmente perante a Lei. Para que isso
ocorra, para que a gente atinja uma democracia real, é preciso tirar daí a
conclusão também de que numa democracia é preciso tratar desigualmente os
desiguais e ter este tipo de leis que discriminam positivamente os diferentes
para que eles possam, solavancados por essas medidas, ter garantidos os seus
direitos plenos à cidadania. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO o Projeto por unanimidade.
Senhores
Vereadores e Senhoras Vereadoras, pelos termos do Requerimento já aprovado...
O SR. REGINALDO PUJOL: Não estava presente na Ordem do Dia, eu
quero dizer que não encaminhei a votação dentro de um acordo de Liderança para
que o Projeto pudesse ser aprovado no dia de hoje.
O SR. PRESIDENTE: Pois não, agradecemos a gentileza de V.
Exa. Eu dizia que dentro do Requerimento aprovado, de autoria do Ver. Guilherme
Barbosa, nós agora passaremos aos Requerimentos. Peço a colaboração do nobre
primeiro Secretário, Ver. Adeli Sell, para verificarmos o teor do Requerimento
de nº 106/99, para que seja encaminhado se for o caso e votado.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Sr. Presidente trata-se do Proc. nº
1480/99 do Ver. Antônio Losada, e o conteúdo é o que eu passo a ler. (Lê.)
“Moção
de Apoio ao Sindicato e Federação dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos
A Câmara Municipal de Porto Alegre vem
através desta manifestar sua solidariedade com os trabalhadores dos Correios
Brasileiros, tendo em vista a campanha preventiva que os mesmos estão
desenvolvendo no sentido de combater a privatização da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos, ato este já em franco desenvolvimento pelo Governo
Federal.
Além
dos companheiros trabalhadores nos Correios Brasileiros, recentemente, no Rio
de Janeiro, o Tribunal da Dívida Externa sentenciou, através da Juíza Federal
Salete Macaloz, que realizou a leitura da sentença do Júri Popular, um programa
básico para a luta contra a dependência nacional. Entre os pontos da sentença,
encontra-se a renacionalização das empresas estratégicas privatizadas.
Diante
desse quadro é que propomos a presente Moção, esperando a aprovação.
Sala
das Sessões, 03 de maio de 1999.
(a) Ver. Antônio Losada – PT”
Também subscreve Ver. Adeli Sell. Em anexo estão recortes de jornais que falam da questão, bem como a referida menção ao Tribunal da Dívida Externa realizado no Rio de Janeiro.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 106/99. O
Ver. Antônio Losada está com a palavra para encaminhar.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta
Moção visa prestigiar e fortalecer a luta nacional que os trabalhadores dos
Correios e Telégrafos estão desenvolvendo. Ela faz parte também da luta contra
o desemprego, da luta contra as privatizações, de uma categoria que goza de
muito respeito e admiração por toda a população, pelo trabalho que desenvolve,
um trabalho de natureza social.
Nós
sabemos perfeitamente que se ocorrer a privatização dessa empresa, naturalmente
serão alterados os métodos de entrega de correspondências nas vilas, nos
pequenos municípios, nos bairros pobres da nossa periferia. Nós sabemos que,
quando as grandes empresas nacionais, ou multinacionais, ocupam estes espaços
de natureza pública, de natureza social, as medidas econômicas, as medidas para
reduzir o número de trabalhadores, para reduzir a natureza social destas
atividades são colocadas em destaque, em função da economia e dos objetivos de
lucro destas empresas que procuram privatizar estas atividades de tão grande
importância para a comunicação daquelas camadas mais pobres. Se ocorrer a
privatização desta Empresa, além de termos aumentado o preço do selo, o preço
da correspondência teremos aumentada a demissão de trabalhadores e, muito mais
do que isto, pela privatização, utilizando-se de métodos econômicos, quem
garante que será conservada a privacidade de nossas correspondências.
Portanto,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os trabalhadores dos Correios e Telégrafos
estão na expectativa do apoio desta Casa à luta que eles começam a empreender,
em busca da preservação desta empresa pública. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar pelo PFL tem a palavra o
Ver. Reginaldo Pujol.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver.
Antônio Losada requer Moção de apoio aos trabalhadores dos Correios, tendo em
vista a campanha preventiva para combater a privatização da Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos, a ECT.
Sr.
Presidente, evidentemente, toda a vez que a polêmica se estabelecer em termos
radicais entre estatização e privatização, vamos ter alguns votos que
antecipadamente estão identificados.
Não
há dúvida nenhuma de que eu sou a favor das privatizações, acho que a luta
contra as privatizações de várias empresas no Brasil foi equivocadamente
desenvolvida, na medida em que se começou a colocar a bandeira da soberania
nacional em cima de empresas de mineração, empresas de telecomunicações, as
mais diversas, que transformou o leque dessa discussão tão ampla, que nós
certamente não tínhamos outro caminho a seguir, senão o de ficarmos com a nossa
bandeira partidária que é favorável a privatização.
Eu
tenho dito com muito freqüência que sou liberal porque não acredito em dogmas.
E, porque não acredito em dogmas, eu não acredito que a privatização seja um
remédio para todos os males, nem tampouco entendo que a estatização, Ver. Antônio
Losada, represente a solução para todos os problemas. No meu entendimento, eu
acho que nada nasce obrigatoriamente estatal, ou obrigatoriamente privado. As
circunstâncias determinam que as coisas aconteçam nesse sentido ou naquele
outro. Eu não sei se é porque esse Requerimento é firmado pelo Ver. Antônio
Losada, por quem tenho um carinho muito especial, ou se é pela circunstância de
que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, foi por muito tempo um
modelo de estatal que dava certo neste País; um modelo de estatal que
funcionava adequadamente.
Quero
dizer que tenho muito orgulho dessa circunstância, porque todos sabem que essa
transformação da ECT, numa empresa de grande prestígio neste País, se deu num
período em que o Ministério das Comunicações ficou cinco anos sob o comando do
meu Partido. O Senador Antônio Carlos Magalhães, conduzindo o Ministério das
Comunicações promoveu essa transformação de uma empresa, que não tinha essa
aceitação, que servia até de justificativa para uma série erros - a pessoa
quando queria justificar uma falha dizia: ”eu te mandei uma carta ou um
telegrama” -, todo mundo sabia que mandar uma carta ou um telegrama não tinha a
menor responsabilidade de que a coisa fosse atendida ou deixar de ser atendida.
Hoje, pelo contrário, os serviços de correios têm, no País, uma
respeitabilidade muito grande, uma confiabilidade muito grande.
Então,
no meu entendimento, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos não precisa
ser privatizada, porque esta dando certo. Eu não conheço, em quase todo mundo,
a exceção, se não me engano, na Inglaterra, o serviços do correios são, com
toda a atuação privatista da Margareth Tatcher, os serviços de correios são
privatizados. Então, não vejo razão, na atual circunstância, para que se
privatize o serviço no País. Não é uma empresa que dê prejuízo e crie
transtorno para o Governo. Então, necessariamente, não tem que ser privatizada.
Vou
dizer, como sempre faço, que, até parecendo para alguns um pouco estranho, eu
vá ficar solidário com o Ver. Antônio Losada no seu Requerimento contrário a
privatização, já que minhas posições são, absolutamente confesso, de liberal
assumido.
Dizia
que era o único liberal da Casa, agora não posso dizer mais isto, graças a Deus
tenho um companheiro junto comigo, o Ver. Gilberto Batista, a quem eu saúdo,
inclusive, o seu ingresso, de forma permanente aqui na Casa. Quero dizer que
nós devemos continuar, Ver. Gilberto Batista, pensando na linha que sempre
pensamos; nós somos liberais, nós defendemos a privatização, mas não fizemos
isto como dogma, isso não é uma verdade acabada, que não pode ser discutida e,
em alguns casos - e o caso dos serviços de correios é um caso concreto - deu
certo nas mãos do Governo, não precisa mudar.
Voto
com o Requerimento, sem os fundamentos. Acho que os fundamentos são
completamente divergentes. Mas, no final, no Requerimento em si, a minha
concordância e a minha solidariedade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
encaminhar.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, apenas quero dizer que
se há falhas nos nossos Correio que sejam sanados, mas que continuem sendo
serviço público.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Carlos Alberto
Garcia para encaminhar.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, mais uma
vez o tema, hoje, parece que converge para questão da privatização, porque a
tercerização que foi proposta, não deixa de ser uma privatização. O Ver.
Antônio Losada coloca essa questão da Moção de Apoio. E essa Moção tem que ser
uníssona nesta Casa, quanto à questão do Correio.
Eu
gostaria de ampliar essa discussão, não só com relação ao Correio, porque isso
tem toda uma questão de fundo. Eu elenquei alguns órgãos que foram privatizados
nos últimos anos: aqui, no Estado, a CRT, uma parte da CEEE, o Meridional, e em
nível nacional, a Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional,
a EMBRATEL, a USIMINAS. E eu pergunto: esses milhões de dólares arrecadados com
as privatizações mudaram a vida da população do nosso País? O Brasil está
melhor em função dessas privatizações? O volume arrecadado melhorou a qualidade
de vida da população? Sem sombra de dúvida, afirmamos que não. Pelo contrário,
milhares e milhares de pessoas perderam seus empregos. Lembrem-se do caso do
Meridional, em que disseram que ninguém sairia, e na primeira leva foram
demitidos quase mil funcionários.
Eu
volto a insistir: onde está esse dinheiro? Pelo que me consta, a nossa dívida,
tanto interna quanto externa, aumentou; o salário médio da população
brasileira, de 1997 para 1998, diminuiu 3,5%; não foram gerados empregos. A
população está mais feliz, tem maior poder aquisitivo para alimentar-se,
vestir-se, para transporte e outros quesitos, como o lazer, que foi colocado na
última Constituição?
Ora,
Senhoras e Senhores, é muito difícil colocar nesses termos, quando nós estamos
vendo o patrimônio público do nosso País ser dilapidado a cada dia. Se as
intenções fossem claras e as coisas fossem visíveis, tenho certeza que a
população teria uma atitude diferente, porque o crime maior que se cometeu,
nesses últimos anos, foi tentar incutir na cabeça da população brasileira que o
servidor público era alguém que não fazia nada, era alguém que ia no seu
emprego no final do mês para buscar o dinheiro. E nós sabemos que não é isso. O
mau servidor existe tanto no público como no privado.
A
cada dia que passa, querem vir nos retirar algo, e não nos acenam com coisas
melhores. Esse é o grande problema. Se existissem políticas públicas de
privatização em prol de determinados segmentos, tenho certeza que a população
faria uma outra discussão. Como conceber que um País como o nosso - que tem um
déficit habitacional de doze milhões de residências, onde as pessoas não têm o que
comer - fala em privatizar? Dar para empresas estrangeiras ? E a população cada
vez mais carente.
Portanto,
Senhoras e Senhores, o Partido Socialista dá total apoio a essa Moção e pensa
que essa discussão tem que ser feita em todos os níveis, para que a população
possa, não sei quando, ter condições mais dignas de sobrevivência. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para encaminhar.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essa
Moção de autoria do Ver. Antônio Losada é um instrumento importante que a Casa
possui na sua estrutura, que é uma forma de manifestação, e oportuna porque
alerta a sociedade pelo debate e pelo que ela provoca para essa tentativa
concreta que está posta na privatização dos Correios e Telégrafos.
O
meu Partido, o Partido Democrático Trabalhista, tem um compromisso fundamental,
é da sua estrutura, é da sua ideologia, um compromisso fundamental com os
setores estratégicos da Nação, do País, nas mãos do Estado.
O
PDT, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entende que não se pode afastar o Estado
da gerência das questões estratégicas. E os Correios e Telégrafos, dada sua
dimensão humana, que diz com as garantias individuais, com a intimidade, é um
setor estratégico que tem que estar nas mãos da gerência do Estado. Então,
quando se ameaça os Correios e Telégrafos, como tantos outros setores
estratégicos, que nós entendemos ideologicamente devam estar nas mãos do
Estado, nós não poderíamos deixar de vir à tribuna para nos somar a essa Moção
que visa a fazer o alertamento, dizer à sociedade, ao povo, que se ameaça esta
grande empresa pública brasileira, de alta qualificação profissional, que
atingiu níveis de rentabilidade sim, níveis de satisfação que são nota dez. A
pesquisa - e nem precisaria haver pesquisa - mostra a confiabilidade, Ver.
Antônio Losada, da população nos Correios e Telégrafos, nós poderemos dizer que
é quase 100%, dado o caráter sério, competente com que trabalha esse setor do
Estado.
Então,
essa Moção é oportuna, vem exatamente alertar a Nação para isso que se
pretende: tirar das mãos do Estado um setor estratégico, como tantos outros
setores estratégicos já foram tirados do Estado.
Nós
não somos contra o mercado, é bom que se coloque aqui, o PDT tem um programa
muito claro, uma visão muito límpida sobre o processo contemporâneo da
globalização. Nós não somos contra o mercado, somos sim a favor de que setores
estratégicos - como esse, porque ele é fundamental - estejam nas mãos, na
gerência e nas rédeas do Estado, para o bem da Nação, para o bem do povo. e
para a segurança dessas relações que trabalham a questão da intimidade das
pessoas. É um setor da segurança nacional, os Correios e Telégrafos; diz com o
interesse do País e da Nação.
Portanto,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós, do PDT, queremos nos somar e nos
solidarizar com esta Moção e com a campanha que os funcionários dos Correios e
Telégrafos fazem na busca da manutenção desse instrumento importante da
nacionalidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há quórum, estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 12h34min.)
* * * * *